sábado, 25 de julho de 2015

FAIANÇA, CERÂMICA: "LOUÇA PORTUGUESA, OLHO GRANDE EXISTE MESMO E TAMBÉM MAIS COISAS ENTRE A TERRA E O CÉU DO QUE PODE SUPOR NOSSA POBRE SABEDORIA..."





 Este meu "meio" Vaso (ainda falta pagar a metade)
estava me fazendo sonhar há quase 2 meses...





Bem grande e inteiro.
Tricolor e com cachos de uva em relevo.





Com todo jeito de antigo.
Pena que não marcado.




Não me importo. 
Sou louco por ele assim mesmo...




Bem inteiro mesmo.





Uma paixão que, penso, atravessou os tempos
e um grande Oceano.





 







Pois bem.
Eu preparava  este post quando me veio esta  surpresa:
Uma  caixa de cacos de vaso...




Mas não quaisquer cacos e sim
cacos de um Vaso SANTO ANTÔNIO DO PORTO,como dizemos
ou SANTO ANTÔNIO DO VALE DA PIEDADE, como se diz em Portugal.
Bem marcado, para não deixar dúvida.

Uma história de mais de 5 anos que tentarei resumir:


Era  um vaso maravilhoso e inteiro de um amigo e colega que pretendia vendê-lo.
Mas eu não tinha dinheiro para comprar e  o que tinha para fazer troca,
 segundo seu  interesse era um Cálice Litúrgico,
 uma joia igualmente querida...

Como o valor pedido não interessava muito aos negociantes
 o Vaso foi a leilão, por duas vezes. Na segunda vez  por um valor um pouquinho menor.
Pensava em ter chance e também queria ver a exposição.
 Certamente muito bela com  tantas outras preciosas peças de Louça, Mobília e Prata... .
Soube que o querido Vaso ficaria (e ficou) bem na entrada do salão
 sobre um Arcaz  de Jacarandá do XVIII.
Não tive como ir à exposição.

Juro que não botei Olho Grande no Vaso.
Pois  tanto seu  antigo  dono como o organizador do leilão são igualmente queridos.

Mas não foi que na exposição deu um vento forte e lançou ao chão este encantado vaso?
Como o organizador era mais chegado a mim que a meu colega, me ligou na hora.
A solução era simples, sugeri:
 Como não havia  ressalva, bastaria que meu amigo recebesse o valor combinado de base.
 E ao organizador, que também é  antiquário,  disse que mesmo em cacos me interessava pelo Vaso.

No dia do acerto fomos juntos.
 Meu amigo recebeu sua grana e eu mais que isto:
 O leiloeiro sabia de meu interesse antigo por este Vaso e me fez um presente. 
Nunca uma caixa de cacos me fez tão contente.





Ontem resolvi tentar dar um jeito.
Pagar uma restauração me sairia pelo preço de um vaso inteiro,
,ou quase...
Mas o que usar?




E quando se decide
 sempre tem um rabudo atrapalhando...





Mas a noite foi virando
 e o entrometido se cansou.




Era a hora de tirar um sarro...





1
(Serviço totalmente amador... )




2


                    

3




4 (mil... ou quase)




Estas janelas são os cacos que o faxineiro não encontrou
ou que varreu para debaixo de algum tapete..





Até que ficou razoável.
E hoje de manhã resolvi rejuntar
 com massa acrílica (seria o melhor?).





Ainda está úmida.
Depois que secar e contrair tenho que retocar.
Não fiz fotos do interior porque está com papelão nas "janelas".





Uma fração de milímetro aqui ou ali fora de linha
faz a remontagem ficar meio assim... 
Ainda bem que estes vasos são naturalmente assimétricos
e irregulares sob um certo ponto de vista...




(Carinha de quê serão estas pegas?)
Depois vou tentar remover o excesso de massa.





E retocar o azul.
Só não sei como.





E assim, aos cacos e aos poucos, minhas peças
de Louça Portuguesa (e algumas outras) vão se juntando...





Um magrinho e um gordinho...





E da Feira da Pça XV mais peças quebradas.





Os pratos da Sacavém estavam para ser jogados fora...





(Finalmente um SAP ou SAVP bem marcado).



A cerâmica é bem clara, ligeiramente bege
e leve como algumas de minhas telhas.





E este belo  "Prato Falante",
 adquirido na Imperial Cidade,
resume no singular o que sinto por toda minha Velharia:

"Amo-te muito".







"QUE OS  CACOS DE HOJE
 QUE FORAM VASOS DE OUTRORA 
COMO NUM RETROCEDER DO INSACIÁVEL TEMPO
POSSAM SE REMONTAR CHEIOS DE VIDA.
PELA AÇÃO DO FORTE VENTO.
PELO TANTO ESPERAR 
E PELO CORAÇÃO DO AMIGO"