sábado, 28 de maio de 2016

FAIANÇA PORTUGUESA: "FINALMENTE UM VASO DEVEZAS - J. P. VALENTE - PORTO"




Finalmente, após anos de espera, um DEVEZAS.
Não tenho condições de dissertar muito sobre esta conhecida e apreciada fábrica
 de todo antiquário e  colecionador que se prezem, pelo menos no Brasil.
Mas posso fazer uma breve introdução.

Informações soltas mas de fácil averiguação:

1- Esta fábrica de José Pereira Valente não é a primeira em Vila Nova de Gaia. 
Fundada lá pelos 1884. Certamente seu fundador foi um hábil funcionário, quem sabe com alguma sociedade em fábricas mais antigas desta importante região produtora de cerâmicas.

2- Apesar de ser uma espécie de fábrica genérica (pirataria?, ching portuguesa?) logo ganhou mercado e fama, tornando-se bem competitiva pela qualidade das peças.

3- As pesquisas podem comprovar o que um senso atento percebe de antemão: Aqui no Brasil, quando se fala em vasos ou estatuária de cerâmica portuguesa duas marcas sobressaem e até sintetizam toda uma gama de importação das diversas fábricas da antiga Metrópole. A de "Santo Antônio do Porto" SAP (ou SAVP) e a das "DEVEZAS" (agora Devesas). Isto se percebe nos museus, antiquários, publicações, etc.

4- No Brasil, quando se fala de DEVEZAS se quer dizer "J. P. Valente", Tanto assim que fiquei surpreso ao saber que havia outras importantes e mais antigas fábricas desta região.

5- Não sei ao certo até quando do Séc. XX esta fábrica  adentrou. Ao que parece até pelos meados ou pouco mais. Como gosto de velharias ficava torcendo para que este meu vaso fosse uma produção antiga. Embora pela relativa experiência que tenho, pudesse apontar uma peça centenária, busquei por referências mais seguras. Não encontrando, recorri ao Luis Montalvão que me escreveu:
"...Estive a consultar o "Dicionário de marcas de faiança e porcelana portuguesas / Filomena Simas e Sónia Isidro. - Lisboa: Estar, 1996" onde consta a marca que o Amarildo me enviou com o nº 234. Segundo a mesma obra essa marca foi usada entre 1884 e 1903. Depois dessa data, a marca passa a ser Pereira Valente e Filhos..."  Só tenho a lhe agradecer.




Eis o meu belo DEVEZAS.

Séc. XIX- ou início do XX - (1884 e 1903)
Cerâmica esmaltada multicor, 62 cm.
Marcado.

Pensava que tinha 5 medalhões.
E que  fosse maior, pois a descrição dizia cerca de 80 cm. 
Mediram com a haste e fiação da adaptação que fizeram para abajur...
Link do Leilão: 
http://www.lilileiloeira.com.br/peca.asp?ID=1633131




Indicava também que havia uma restauração na base.
Mas quanto a isto fui surpreendido de forma positiva:
O que há é um reforço na colagem das 2 partes, fixas por pino de metal.
Não sei se esta junção é original ou devida a alguma quebra.




A marca tão desejada.





A base bem inteira.





I
"DEUSA...?"

Segura um Caduceu que remete ao Comércio, parece.





II
"ESCULTURA"




III
"PINTURA..."

A não ser que seja uma oleira no acabamento
de um vaso grego.





IIII
?

Aqui não consegui identificar a Atividade.





Cores que dão Alegria à Vida,,,





Estas ânforas remetem a tantas culturas da Antiguidade:
Egito, Grécia, Roma.
Também a França de Napoleão.




Os suaves bicados que tem 
 lhe aumentam a beleza de coisa velha e duradoura....





A carinha dos anjos (cariátides) 
foi a parte mais afetada pelo tempo.




O narizinho deixou de ser arrebitado.
Mas as asas e as alças estão inteirinhas...




Certamente é uma peça para interior
 e talvez vendida em pares.
 Mas encontrar o seu é quase impossível.




E mesmo só, consegue despertar em nós,
 a devoção a um passado rico, cheio de sonhos e realidades...
E permanece como um pequeno monumento da História e da Beleza.
Um belo exemplar da cerâmica das Devezas...








"QUE AS  NOSSAS ESPERAS ENCONTREM AS BELEZAS
DO MUITO ESPERAR ENTRE TANTAS INCERTEZAS
DE CACOS E PÓ, E SONHOS PASSAGEIROS 
DE PEDAÇOS MAIORES OU VASOS INTEIROS
TÃO SINGELOS QUANTO BELOS
DE TANTOS LUGARES, DE PORTUGAL,
DO PORTO, VILA NOVA DE GAIA, DAS DEVEZAS"






sexta-feira, 13 de maio de 2016

ARTE SACRA, IMAGINÁRIA, DOCUMENTO: "TREZE DE MAIO. UMA HOMENAGEM À ISABEL, PRINCESA IMPERIAL DO BRASIL, E ISABEL, RAINHA DE PORTUGAL, SANTAS E HEROÍNAS COM CERTEZA "




Resolvi aproveitar esta  data, a da assinatura da Lei Áurea,
para postar duas aquisições recentes que se relacionam de algum modo: 
Um autógrafo da Princesa Isabel e uma bela imagem de Santa Isabel, Rainha de Portugal.





Este louceiro almofadado peguei agora também.
 Nada tão antigo mas feito e belo como os tais: vinhático e ferragem batida.
E foi bem em conta.
Retirei as prateleiras  e coloquei sobre a cômoda manuelina por vários motivos;
não havia outro lugar, protege o que tem guardado, se a enchente for média 
e assim sobre um outro móvel se parece com um oratório, como gosto.

Mas sei que ficou algo entre um carnaval e uma orquestra sinfônica...




E dentro se acomodaram perfeitamente 3 grandes imagens 
que se entulhavam num outro canto...





Vamos ficar com esta da esquerda.




 Peguei junto com um belo móvel D. José e uma outra imagem: S. Madalena.
Madeira policromada, olhos de vidro, grande; 75 cm.
pena ser repintada com purpurina.

Tanto pode ser portuguesa como brasileira.

Embora se pareça muito com as imagens de S. Zita, doméstica, as ROSAS junto ao manto de ARMINHO apontam bem para Santa Isabel Rainha de Portugal. Também retratada como terceira franciscana junto a mendicantes. 

   "Isabel de Aragão OSC (ou, usando a grafia medieval portuguesa, Yzabel; Saragoça, 4 de janeiro de 1271 — Estremoz,4 de julho de 1336."   Fonte: https://pt.wikipedia.org/



Algumas imagens (sem créditos) retiradas da rede:


  




Esta última se aproxima um pouco da minha escultura.



Peça provável do final do XIX.
Falta-lhe apenas um dedo indicador

Semblante de majestade e santidade, 
coisa tão difícil de coexistir, como adverte  Nosso Senhor.

Há outras santas de nome ISABEL e mesmo uma outra rainha, Santa Isabel da Hungria, parece que tia-avó desta nossa tão popular. Só não averiguei se é mesmo Padroeira de todo o Portugal.
                  É de Coimbra, com certeza, mesmo não sendo, de origem, portuguesa...





Na residência (um palacete) onde ocorreu o leilão
esta imagem era fixada na parede por estes ganchos
 e fazia par com uma outra, ladeando um Crucifixo.





Este antigo resplendor de prata com pedrarias (ou vidros) já tinha há tempos
mas não ficava bem em nenhuma cabeça, até então.




Este  "cetro" também.
Na verdade é o cabo de um antigo e pequeno coco.
Ourivesaria baiana em prata baixa.








IPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPI




Agora uma outra ISABEL;

Dona Isabel Cristina 
Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela 
Gonzaga de Bourbon e Bragança (depois Orléans e Bragança)
Princesa Imperial do Brasil.
A Redentora 

(Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, 14 de novembro de 1921)

Não sei o grau de parentesco com as  homônimas de Portugal, Hungria e Castela.





Uma antiga estampa (que desconheço a origem)
já vislumbrava o desejo ou a ideia de muitos brasileiros:
a Princesa Isabel como Santa, para além de Regente ou política...

Aliás processo agora oficialmente aberto pela Santa Sé, a pedido do Sr. Cardeal, D. Orani Tempesta. do Rio de Janeiro. Declarada pela Igreja "Serva de Deus".

E eu, como muitos que ajuntam velharias, sempre acalentei o desejo de ter um documento autógrafo do Segundo Reinado, de D. Pedro II ou da Princesa Isabel, mais queridos que Pedro I.  D. Pedro II, pela ilustríssima e humaníssima sabedoria e Isabel pela bondade, candura, coragem  e humildade, para além, certamente destes predicados do pai.

Estes documentos são inacessíveis, dependendo da importância ou estado que se encontram.




Foi nesta espera que consegui pegar, na Imperial Cidade de Petrópolis,
por um preço módico, este cartão autografado pela Princesa Isabel.
Pena apresentar algumas perdas e não ter os destinatários e a data.

Para compensar, traz uma pequena prece a Nosso Senhor, rogando sua proteção.
Talvez fossem feitos de próprio punho esta prece e a assinatura,
 o restante do texto podia ficar com algum secretário.
Edição francesa, não fotografei o verso porque quando resolvi fazer esta postagem já havia colocado numa moldura.



"Isabel, Condessa d'Eu"
(o texto que antecede não decifrei de certeza talvez "sua muito estimada...?")





Procurei esta moldura contemporânea e o meti logo.
Mas depois vou tentar melhorar.





E por hoje, arranjei esta minha Relíquia
 junto às imagens de Nossa Senhora, de Santa Isabel  e de São José 
(na verdade um S. Roque que penso ter sido adaptado de um primitivo S. José, 
o cão que trazia com o pão na boca está devidamente guardado... uma outra história)








 "QUE O PEDIDO DESTA SANTA PRINCESA
SEJA PELO BOM DEUS ATENDIDO
TAMBÉM OS DA SANTA RAINHA PORTUGUESA
 NOS VALHAM IGUALMENTE O DE ROQUE E JOSÉ
E OS DA MÃE DO CÉU
É O QUE PRECISAMOS DAQUI DA TERRA 
NÓS EM NOSSA POBRE POBREZA..."


sábado, 2 de abril de 2016

CERÂMICA PORTUGUESA: SETE PRATOS: "UM PEIXE PEQUENO, UM GALO GRANDE E OS PRIMEIROS GATOS" ... "FLORES E ATÉ UM PAGODE A RECORDAR AS ORIGENS..."




Tão português quanto chinês...


Como venho prometendo há tempos 
apresento agora meus novos pratos de Cerâmica Portuguesa.
Penso que do XIX ao início dos Anos 20. Mas sempre com cara e trejeito de mais antigos... 
Isso por causa da singeleza dos desenhos e vazados e pela rusticidade do acabamento das massas.
Não intendo nada dos processos cerâmicos mas já deu par aprender com os amigos blogueiros que este quase amadorismo e esta singeleza é que conferem a estas peças tanto atrativo.
 Sua titularidade específica é quase impossível, quando muito se afirma um "estilo",
 "ar de família",  "possivelmente de tal e tal região..."  E só.  
Mas é claro que em certos casos esse  tal ar de família é tão forte
que dá margem a uma atribuição provável...


Ícone  da Vida.

Embora ache aquelas postas cortadas, cruzadas por talheres algo tão especial.
Prefiro os peixinhos inteiros como a nadar, cheios de Vida...



I

Prato bem pequenino,

 Acho que seja prato de pão.
 Comprei por foto. Tem um terço do tamanho que julgava.
Não custou nem um sorvete... E veio veloz fazer companhia aos outros 2 que já tinha.


Seu reverso.



II

Este um pouco maior.

 Estanholado com flores e um pagode entre maciços .


Fundos.


O que tem de singelo tem de  belo.

Esta imagem que conjuga Arquitetura e Vegetação
ultrapassa oficinas, tempos e culturas...


III

Aqui um meio "borrado".

Sobre a limpidez do estanholado esta outra técnica meio esponjada.
Faz lembrar umas vasilhas que a gente usava  lá na roça.  Mas aquelas eram chamadas de "esmalte". Mais conhecidas como "ágata".  Esmaltagem sobre metal ferroso. Resistiam bem aos traumas mas os pequenos descascados eram logo tomados pela ferrugem. Mas enquanto não faziam perder o caldo eram normalmente usados, apesar de alterarem o sabor da comida...


Verso.




IIII

Aqui um bem grande.

Uma bela rosa estanholada envolta por círculos e uma  borda de guirlanda.


Partido e colado.

Penso que tenha sido gateado...



V

E aqui o que mais desejei.

Bem grande e um tanto irregular na modelagem da massa,
 E o Galo feito em parte vazado  parte desenho à mão livre se assemelha  muito
com um maior e bem inteiro que consegui há um tempinho..


São os primeiros "gatos" que pego.

Comprei por fotos também e não tinha visto o verso.
 Quando fui buscar, a organizadora do leilão me perguntou 
se eu não queria desistir porque ele estava muito quebrado...
Não sei se foi atenção dela ou uma manobra pois este também não custou
 nem um picolé e é possível que alguém que chegou depois tenha se prontificado
 em ficar com ele caso eu desistisse da compra.



VI

Este já foi mostrado.

Mas agora o faço mais de perto.
Muito lindo. E apesar de apresentar aquela singeleza mencionada,
 o efeito final é de total elegância e apuro técnico.


A modelagem como sempre apresenta rebarbas, etc.


Faz lembrar um delicado bordado sobre o linho...





VII


Este aqui apresento porque veio junto, nos lotes.
Mas penso que talvez não seja nem português.



Acho que é uma fruteira.
Massa bem pesada e craquelado bem pequeno.
Totalmente diferente dos demais.



Apresenta furos para se pendurar.





Estas foram as últimas aquisições.
Faltou um bem grande "falante" também e marcado.
Mas não consegui encontrar quando  fui fazer as fotos.
Deixo para uma outra postagem junto com outras peças portuguesas.





Ainda não coloquei na parede porque estou sem suporte de qualidade.
 Não vou arriscar com qualquer arame  peças que tanto estimo e amo.






"QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM
QUANDO OS OLHOS VÊEM 
OU O CORAÇÃO PRESSENTE
AQUILO QUE VEM DE LONGE
MAS QUE PARECE SEMPRE 
TÃO DA GENTE
ATRAVESSANDO MARES
TEMPESTADES QUEM SABE
GUERRAS E FOMES TAMBÉM
PARA AO FINAL REPOUSAR 
ONDE SEMPRE DEVERIA ESTAR:
AO ALCANCE DO BEM QUERER,
DA MÃO QUE CUIDA,
DO OLHAR QUE  ENRIQUECE..."