domingo, 28 de dezembro de 2014

ARTE SACRA, MISSAL ROMANO, GRAVURA SÉC. XVIII: NATIVIDADE DO SENHOR: "O VERBO SE FEZ CARNE E HABITOU ENTRE NÓS".



Postagem de entretempo.
 Gravuras rotas e não tratadas 
de um Missal Romano do final do XVIII.




Gravura com medidas de 24 cm x 17 cm.
E página com Texto da Missa correspondente.





 A Cena do Presépio.
Uma escadaria e colunas de pedra  por onde cresce uma trepadeira. 
Madeiramento e "sapé (?)" de cobertura. Um paradoxo.
Nossa Senhora com rosto clássico e muito bem vestida.
S. José de barbas curtas e muito piedoso segurando o cajado florido de sua eleição:
Guardião, da Virgem, do Menino e da Igreja inteira...




O Personagem Principal, o Salvador do Mundo. Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Meio apagado na gravura mas com tanta Luz.
Meio sonolento também.
Gorducho.
Estende a mãozinha com o auxílio da Mãe,





O Céu que desce à Terra.





A Terra que se renova inteira.





Aqui 2 galinhas 
e penso ver um terceiro bicho que não sei o que é...
Os outros bichos da gravura são o Burro e a Vaca,
Perdidos no alto à esquerda.
Um Passarinho apertado por uma criança no colo da mãe
 e um Cordeiro segurado por seu pastor.





O Gravador:
G, F. Machado.
Data: 1777

Sobre este gravador (português, por certo) nada encontrei, a não ser um trabalho acadêmico
 sobre a influência dos Missais Romanos na pintura dos Mestres Mineiros do XVIII.
 Este gravador  e a gravura da Natividade aparecem listados neste trabalho:

BOHRER, Alex Fernandes. Um Repertório em Reinvenção. Apropriação e Uso de Fontes Iconográficas na Pintura Colonial Mineira. Barroco, Belo Horizonte, v.19, 2005.

Aqui o link:
http://www.geocities.ws/adarantes/textos_alex_bohrer/1.doc





Outra gravura.
 Igualmente atacada por traças.




Outro gravador e uma outra data no mesmo Missal.
"N.J.Cordeiro  Sculp. 1781"
Este também aparece listado na referida obra acadêmica.





"QUE OS CÉUS NUNCA SE ESQUEÇAM DA VIDA TERRENA.
E QUE A TERRA NUNCA SE AFASTE DOS LUMINOSOS CÉUS.
QUE A CHUVA DA JUSTIÇA VENHA SERENA E CAIA COMO UM VÉU.
E QUE BROTE DA TERRA A PAZ DESEJADA...
COM FRUTOS DE AMOR, E TODO BEM.
DEUS HABITA ENTRE NÓS.
PASSANDO PRIMEIRO EM BELÉM...
ALEGREMO-NOS"

*****

***
*

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

CERÂMICA, FAIANÇA: VASO DE PORTAL, TELHAS DE BEIRAL: "QUEBRADAS, POR QUE TÊ-LAS? QUEBRADO POR QUE GUARDÁ-LO?"


Vou tentar um post sem muita história, só algumas informações. 
Sei e concordo com quem pense que estes elementos
 não deveriam ser colecionados destacados de sua arquitetura e origem. 
Mas nem sempre fazemos o bem que queremos. Quanto mais o que só sabemos...

Telhas de Beiral:
Talvez algumas sejam SAVP (ou SAP).
Outras devem ser (re)produção nossa, sobretudo uma bem vidrada toda em relevo  que parece ser Luis Salvador (e recente).




Esta já tinha há tempos.




Esta também...




É do motivo mais comum.
 Nota-se uma ligeira diferença das folhas em relevo.




Esta é uma gigante...




E apresenta o desenho mais diverso (Leões ou Dragões rampantes). 
Mas não resisto a uma pequena história:
 Entrei num belo antiquário da Serra com peças bem importantes e caras.
 As únicas peças que pensei que poderia pelo menos perguntar o preço eram 2 telhas.
Esta e uma outra bem mais abaixo, grande, com as folhas azuis sobre fundo branco (contrário das demais) e sem folhagem em relevo.
Pois bem.
Ao perguntar para o antiquário, que nem me conhecia,
 fui surpreendido por um gesto raro mas que já me aconteceu:
 Disse  que se eu havia gostado delas poderia  ficar  de presente...
Não acreditei  de início... Mas aceitei e elas estão comigo.




Até que chegou este  Lote de fragmentos.




Na foto cortada parecem inteiras...




Mas só estão inteiras estas duas e mais uma.
E as secundárias, estreitinhas.




Estas telhas devem ser de  produções  diversas:
A da direita  é de um barro mais claro e leve.
 A outra, de um barro mais vermelho e bem mais pesado.
 E apesar do motivo ser idêntico, o efeito é desigual  nas duas peças.
A mais  leve tem uma certa aspereza e não apresenta craquelado.
A de barro vermelho tem um efeito liso, brilhante e craquelado... 




O verso das duas telhas.




Estas são as que vão por cima:
Estreitas e bem leves para não pesar sobre as principais.




Mas se ficam escondidos,  por que têm este ponto azul na esmaltagem...?





Juntas  para as fotos.





Quem me dera um Beiral de Telhas
 em vez de telhas quebradas de um  beiral...




Esta do centro é a que penso ser Luis Salvador
e de fabricação mais recente.




 O verso.
 Toda vidrada.




Esta com folhagem azul
 sobre fundo branco (estanhola positiva)
 é a maior de todas: 92 cm.
Uma das que  ganhei no antiquário da Serra.
Talvez alguma outra fosse maior,
 mas são ajustadas no tamanho quando colocadas nos beirais.




Uma gaveta serve para muita coisa.




Um Museu de Cacos...




Agora o Caco mais querido.
Com todo jeito  de ser Santo Antônio do Porto.
Pena não ter o pedestal.
Mas prefiro assim que um pedestal somente.




Só conto que foi num final de feira,
um dia depois de dizer para uma querida blogueira que estava tão tentado
 a me desfazer de um outro bem para adquirir um vaso SAP (de um amigo meu,
 parecido na forma, inteiro, com base marcada FSAP, azul e branco e muito caro...).

 Não tinha a menor esperança de achar algo parecido e tão em conta...
Foi um presente de Natal dos Céus. 




Que medo!
Mentirinha...




Um carnaval de cores.
 Sonhava com estas ramagens.




Não muito grande:
37 cm de diâmetro e 31 de altura (sem o pedestal).





Não me canso de olhar,
de todos os lados.




De ponta cabeça.




Por baixo.




Realmente uma mistura impensável de cores.





Meu belo presente de Natal e com grande chance de ser SAP. 
Mas que é português, acho que  ninguém pode negar.





"UM TELHADO AZUL É COMO UM CÉU 
DE ESTRELAS AO INVERSO.
E UM VASO QUEBRADO, DO PORTO OU DE PERTO
TAMBÉM FAZ PARTE DO UNIVERSO.
OLHEMOS ENTÃO TAMBÉM AS TELHAS.
NEM  DEIXEMOS AO LÉU
  TANTOS CACOS 
POIS DO MESMO PÓ TEMOS SIDO FEITOS..."


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

LOUÇA e OURIVESARIA: DUAS PEÇAS BEM DIVERSAS, UM MESMO MOTIVO: PASSARINHOS LIVRES, GAIOLAS ABERTAS...




Prato de cerâmica rosada,
 esmaltado e pintado à mão.

Decoração típica da
 "Louça  Francesa da Revolução".
Diâmetro de 23 cm.





Fio de cabelo e dente na borda. 




 Sem marcas.
Só deu para ver a cor do barro e o escorrido do esmalte.





Esmaltagem muito brilhante.
Cores alegres e fortes.





 O belo motivo político-social e essencialmente humano: LIBERDADE.
Motivo encontrado em diversas louças francesas do final do XVIII e início do XIX.





  Não sei se reproduziram este motivo no século passado.

No Leilão havia uns 8 pratos nestas cores e bordas mais ou menos parecidas.
O que variava era o motivo central: 
figuras humanas, datas do final do XVIII, aves pegando insetos, etc,
Mas só deu para pegar estezinho (que achei até o mais belo). 
Talvez pelo quebrado não subiu tanto.Os outros eram numa louça craquelada, 
Este não apresenta. Mas penso que pode ser antigo.
 Determinadas louças  não craquelam e até permanecem com cara de nova.
 Espero que  meu pratinho lindo seja destas...
E se for uma reprodução,
é cheia de arte e bom gosto...





Mais uma foto do fundo para ver se ajuda na pesquisa.
Dos exemplares que encontrei na Rede, oferecidos como do XVIII,
 alguns  trazem bem esta aparência. 



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E aqui a outra peça, uma pequena Joia com uma decoração semelhante:

Pingente de Prata. 5 cm.
Pedrarias (acho que Cristal de Rocha).
 Laço e Gota, Pintura em Miniatura
Talvez Séc.  XIX ou até XVIII.
Origem:... Quem sabe?
 Mas se português fico mais contente...

Cercadura em Ouro e Pedrarias
 Genericamente "Minas Novas".
 Termo de Antiquário alheio à Gemologia e à Mineralogia.
 Pelo que eu saiba  não há  propriamente um mineral chamado MN,
mas diversos minerais empregados nas joias no XVIII e XIX:
 CRISTAL DE ROCHA, CRISOBERILO, TOPÁZIO IMPERIAL... 
e até mesmo VIDRO ou VIDRO-CRISTAL- normalmente transparentes.
 Mas, às  vezes, se usava papel colorido ao fundo para dar tons variados à pedraria.
 E nos casos de opção pelo transparente, as pedras  costumam apresentar um ponto preto
 bem no centro, ao fundo. O que não acontece com esta peça.





Verso com Relicário em tampo de Cristal.





 Aberto.





Detalhe da Pintura (não sei em que suporte): 

Mocinha com uma gaiola e um Passarinho solto.
Resta saber se ela acabou de soltar o bichinho ou se o quer prender...

Talvez seja uma alegoria da conquista amorosa.
Neste caso, a semelhança é meramente  plástica com o  Prato Francês.
E traz uma outra ideia... Não oposta mas de outra ordem, ainda mais primitivamente humana... 
...E necessária.





Soltando ou tentando prender o Passarinho?

Aqui uma versão de uma Cantiga bem conhecida (que minha mãe me fazia ninar).

https://www.youtube.com/watch?v=BLHOYyYWU0w






Agora as duas belas peças lado a lado...







"Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
Voou, voou, voou, voou

E a menina que gostava tanto do bichinho,

Chorou, chorou, chorou, chorou..."

(Cantiga antiga)