quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

ARTE SACRA: NATAL DO SENHOR JESUS - PRESÉPIO PERNAMBUCANO


Madeira dourada e policromada - olhos de vidro - base retangular oitavada - 34 cm largura x 22 cm altura, adornos de prata. Séc. XVIII- XIX.




O Menino tanto pode repousar nos braços da Mãe quanto na manjedoura.




São José ligeiramente menor (ou com vestes menos volumosas) deixando a Mãe em realce. 




O  Deus Pequenino parece não ser o original. Feito de casca de cajá, como as mãos de Maria e José (menos a do peito). Talvez tenham sido feitos numa restauração antiga. Mas é Belo porque o encontrei assim. Depois arrumo os quebradinhos...





O esgrafitado mais usado foi o de "caminho sem fim". 





São José com um manto da mesma cor que o de Nossa Senhora mas sem o "caminho sem fim" e com estrelas douradas jogadas aqui e ali.




Deste ângulo se percebe ainda mais a diferença entre os volumes das vestes.




 Base oitavada com pequenos furos de xilófagos (vade retro...)




Disse que é pernambucano pela indicação de amigos. Mas eu também penso que seja. O amarelo e vermelho da base, o esgrafitado que até se confunde com o de Portugal, as feições do rosto... tudo muito pernambucano.





Com esta cabeleira sem véu e nesta postura, Nossa Senhora parece ter sido inspirada em alguma Santa Maria  Madalena de Calvário. 



 São José não está inativo. Seu Coração Justíssimo trabalha e vela  pela Esposa e pelo Filho.




O Menino não dorme ainda. Tem de salvar o Mundo.



"Jesus. Maria e José. Salvai as nossas Famílias e aumentai a nossa Fé."

sábado, 30 de novembro de 2013

LOUÇA: GALHETEIRO FRANCÊS (DE RUÃO TALVEZ) MAS COMPRADO COMO PORTUGUÊS...



Assim encontrei este meu galheteiro na Siqueira Campos. Conquistou-me sem dizer nada. Aliás nunca tinha visto um destes. A vendedora disse que era português (e só por isso já tem mil encantos). Estava sem dinheiro. Tinha acabado de comprar uma Imaculadinha que me deixou só com o dinheiro da volta. Voltei 15 dias depois e ele estava lá me esperando... Faltando vasilhas sem nenhuma tampa... mas cheio de graça assim.



Depois vi que que as garrafas e o suporte não combinavam nem nos motivos nem nas cores. Alguém os juntou e junto ficaram . 




Finalmente vi que as iniciais de Azeite e Vinagre (que nas Missas são facilmente usados para Água e Vinho) estavam com H de "huile d'olive"  e V de "vinaigre".  Só então percebi que devia ser um galheteiro francês. Mas continuei gostando dele.  Procurei alguma referência na rede e encontrei por causa do motivo mais ou menos comum das cornucópias (em Fr: "corne d'abondance"). Motivo encontrado nas faianças de Ruão nos séc. XVIII-XIX  e retomado em meados do século XX.  Só não sei se estas são antigas ou revivais mais ou menos recentes...









sexta-feira, 22 de novembro de 2013

LOUÇA: AREEIRO DE VIANA SÉC. XVIII-XIX





Comprei esta pecinha de louça porque achei interessante: pintada à mão, com cara de coisa velha... A vendedora (que é portuguesa, da gema hem!) me disse que era um "paliteiro" . "Osxx furiinhosxx são para colocaire osxx palitosxx" . Mas destacou: "É de Viana, de Viana, haeim".  E comprei meu "paliteiro" português... Em casa procurei na pilha de catálogos velhos algo parecido. Encontrei algumas peças e gostei porque estavam nas melhores casas de leilão de Portugal. Só que descritos como "areeiros".  Nunca tinha ouvido falar e nem consultei o Pai dos Sábios, achei que não existisse esta palavra por aqui...  Foi o Luis, do maravilhoso  blog VELHARIASDOLUIS  que me me deu toda explicação sobre seu uso no passado. 
Agora encontrei no http://www.dicio.com.br/areeiro/ :
Significado de areeiro:
sm (lat arenariu) 1 Pequeno vaso para areia que se usava como mata-borrão. 2 Areal. 3 Lugar de onde se tira areia. 4 Aquele que tira areia; acarretador de areia. 5 barco a vapor, próprio para serviço de condução da areia proveniente da dragagem dos portos para alto-mar. 6 Dispositivo em uma locomotiva ou bonde, acionado com jacto de vapor ou de ar, para espargir areia sobre os trilhos a fim de prover de fricção adicional as rodas propulsoras, caso seja necessário; lançador de areia; caixa de areia.

Estava contente com meu "paliteiro"  e agora muito mais com meu areeiro de Viana com Vezinho e tudo... Só falta o que lhe acompanhava sempre: um TINTEIRO (mas quero de Viana com Vezinho e tudo...)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

ARTE SACRA: SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS.



             Esta bela imagem é a maior joia dentre minhas pobres velharias... Madeira policromada e dourada (vestígios), repintada (e decorada com vidrinhos há uns 50 anos). Madeira escura e muito pesada, 77 cm. Faltando braço direito (este, na madeira crua, estou colocando ainda, por devoção, mesmo contrariando alguma teoria do Restauro) e parte da base oitavada (também aqui colei um pedaço de prancha de cedro duro, se não, não ficava de pé). Falta também o bracinho direito do Menino (o esquerdo foi reposto com outra madeira... talvez quando decoraram com vidrinhos). Tem alguns traços orientais (Goa?): olhos repuxados, as mechas de cabelo, sobretudo os caracóis do Menino. Que seja  ao menos do séc. XVIII ninguém duvida (só um amigo restaurador que entende tudo de mobília mas pouco de imaginária) mas pode ser do XVII: toda jogada para trás (vista de perfil). E apesar de todo empenho em dar vida e movimento, a mão que a esculpiu a fez mais próxima do estático medieval que do vendaval incontrolável do Barroco que é tão nosso (e tão atual), por mais que seja negado...  
     O Menino Deus desta Virgem, que é suposto em sua feitura, é um prodígio de apego à Mãe e um inestimável dom para quem os possuiu e possui agora.  Isto porque apesar de séculos terem se debruçado sobre Mãe e Filho eles permanecem juntinhos... Nenhum sem o outro...  Mesmo quando se trata de peça mais recente isto já é difícil (quantas Nossas Senhoras, Santo Antônios  e São Josés sem o Menino...) Muito mais para uma peça que pode ser do séc. XVII.
     Depois comento sobre meu encontro com esta imagem preciosa e cheia de vida...