quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ARTE SACRA: OS ESPONSAIS DA VIRGEM E SÃO JOSÉ. TALHA DOURADA E POLICROMADA.



Madeira dourada e policromada. 87 cm  altura x 53 cm largura. As imagens medem cerca 36 cm. 
Penso que seja do séc.XIX. A origem é mais difícil atribuir. 
  Composição romana. Cenário inserido em arco pleno, emoldurado por colunas coríntias e  rematado por triângulo (há ainda uma penca de nomes para cada recanto e elemento... mas quem se lembra?)

Este tema merece uma apreciação posterior.



Muita elegância no conjunto. Um quê de Gótico, outro de Barroco... Clássico.



Postura solene dos personagens.



Não faltaram detalhes... O anel, como tantos outros elementos foram aqui, pela mágica da Arte, transportados do casamento cristão para o judaico... E na verdade, não  há propriamente uma religião, rito e mesmo uma cultura que não tenha elementos advindos de outas religiões, ritos e culturas...



A Noiva tão serena e elegante.



O Sacerdote, decidido e prático.



O Noivo, entre surpreso e plácido.

Todos muito solenes. Até mesmo graves... Não poderia ser diferente: O Salvador tão perto e tão junto a humilde gente...




As feições lembram as imagens francesas e nórdicas.




Este piso é um "lajeado" que a poeira dos tempos cobriu.




Um alto relevo bem destacado. Quase um vulto pleno.



No alto: Glória de nuvem com fragmentos de raios dourados (perdidos).
Talvez tivesse também a Pomba do Divino.




Foi Providência Celeste eu ter conseguido arrematar esta Talha. Estava já voltando do Rio quando me ligaram de uma casa de Leilões para buscar uns pratos de um leilão passado. Retornei e quando entrei na casa para retirar os lotes deparei-me com este belo quadro na parede. Êxtase total e uns segundos de contemplação... Como haveria de ter uma talha desta. Nunca tinha visto, nem em livros, igrejas ou museus. Um tema de Pintura (Rafael...).
  Soube que seria para o próximo leilão e  nem queria   perguntar sobre o preço.  Mas fiquei sabendo que a  base estava razoável pela qualidade e raridade deste tema. Não havia lance ainda; deixei o dobro da base mas sem muita esperança. Estas peças sobem em proporção enorme (acho que geométrica). Daí uns dias o catálogo ficou pronto e como aconteceu com uma outra peça maravilhosa (um S. João) de um outro leilão, esta não foi oferecida em "Arte Sacra" mas em "Diversos". Além disso, a foto dava ideia de uma talha recente e mal acabada. Resultado: saiu pela base e meia. 
E eu fiquei feliz com estes "ESPONSAIS" , "DESPOSÓRIOS'' ou simplesmente, "SINGULAR CASÓRIO". 

NOS CVM PROLE PIA BENEDICAT VIRGO MARIA 
(COM S. JOSÉ TAMBÉM)





quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

LOUÇA: DOIS PRATOS DE FAIANÇA PORTUGUESA E MEIA DÚZIA SEM CERTEZA...



Não sei muito sobre estes pratos: Louça relativamente leve, 24 cm de diâmetro. Decorado com peixe (peixe-gato?) verde e amarelo (bem Brasil) com borda azul.



Penso que aqui se vê o tal "escorrido" do esmalte..



Bem que poderia ser mesmo um azulejo...



Aqui um outro, menorzinho... 20 cm de diâmetro. Decorado com peixe semelhante ao anterior mas com um "avermelhado" nas barbatanas , borda azul.



Verso com respingos de tinta azul.




Somente quatro estrelas...



Um e outro.



Vidrado intenso (não sei se envernizado ultimamente)



Ambos apresentam 3 pequenos riscos equidistantes, por dentro e por fora. Acho que são as famosas "marcas de trempe" referidas pelo Luis (Velharias). Nesta foto, bem ao centro, se vê uma destas marcas (risco).



Bem que poderia ser  um terceiro prato. Mas é só um sobre outro... Foram buscados  brechós e de feira em feira até que encontrei, pelo menos estes 2, em  quase 3 anos de atenção...




Agora os que penso serem franceses... 23 cm de diâmetro, pintado à mão.




Apresentam também as marcas de trempe mas só por fora.




Um passarinho lindo.




Aqui um par. 22 cm. Bem pesados.




E bem fundos.




Se franceses, seriam de Quimper?  Tenho 3 pecinhas destas mas são bem mais coloridas e apresentam sempre os camponeses.




Aqui um outro de aparência mais nova. 22 cm.




Esmaltado bem branco.




Mais um par: 22 cm. E têm aparência de que foram cozidos anteontem...




Decorado com casario.




Pequena variação no desenho.




Louça bem pesada, vermelha esmaltada de branco (que ficou meio rosado)




As marcas de trempe são verdadeiras "crateras"...




terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

LOUÇA: FÁBRICA STA. ANNA, UM POTICHE E UM FLOREIRO DE CINCO DEDOS.



Potiche de cerâmica (aqui não não faço precisão dos termos porque ainda estou me informando) portuguesa pintado à mão.  Mede 19 cm altura x 20 cm largura. Decorado com flores e ramagens.



Alças presas



Assinado com iniciais e datado de 1944.



Não comprei este potiche por si mesmo. Estava interessado em dois medalhões azuis da Fábrica Carvalhinho - Porto com decoração de paisagens brasileiras que faziam parte do mesmo lote... Mas acabei gostando. Se bem que eu imaginava que a data fosse uma ficção. Estava mais acostumado com Arte Sacra que apresenta muitas marcas do tempo. A louça, menos.



Vaso floreiro  em forma de coração com cinco dedos.  Mede 23 cm de altura x 21 cm de largura. Cerâmica  pintada à mão. Decoração floral. Este sim, comprei porque andava catando objetos (maioria pingentes) em forma de coração para adornar as Imagens de Deus Menino. Sobretudo de uma e especial. E quando vi este "coração" de louça portuguesa quis na hora. Mas o bolso não dava. O vendedor estava puxando o preço (hoje seria a metade). Tive que contar com a ajuda de um amigo que me acompanhava na feira.



Já tinha visto um coração destes numa revista ou catálogo e desde que vi gostei  muito desta forma.



Assinado e datado 194...  Não é só minha foto que está ruim. O último algarismo está mesmo indefinido...

Um dos últimos post da M. Isabel (do maravilhoso  http://leriasrendasvelhariasdamaria.blogspot.com.br/ ) foi sobre a Fábrica Sta. Anna e  traz este link sobre a fábrica:
www.santanna.com.pt/pt/historia



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ARTE SACRA: IMACULADA MÃE DO SALVADOR. IMAGEM "BAIANA, MINEIRA" (E MILAGREIRA).


Foi exatamente esta imagem que vi (e me apaixonei) num anúncio de leilão. A diferença é que no site havia um galaxy 5 (acho que é um celular) ao lado esquerdo da base, como referência de tamanho. Estava anunciada assim: "Imagem mineira (sic), madeira ... 93 cm...  coroa de prata... etc"  e  com um valor de base que bem pagaria a coroa, e só. Quem entende um pouquinho de imaginária brasileira vê logo que se trata de uma imagem baiana. Mas gostei dela e fui acompanhando durante uma semana mais ou menos os lances do leilão e nada de alguém lançar neste lote da Imagem "mineira".

Finalmente chegou o dia do pregão e fiquei com pena por ninguém ter lhe dado valor. Resolvi fazer um lance, mas quando ia digitar pensei que seria mais prazeroso acompanhar o leilão e dar pelo menos o primeiro lance e algum mais (ainda que outros o superassem). Mas esqueci-me que naquele dia estaria no norte do Estado numa cidade chamada Varre-sai (produtora de café) e terra do famoso Baden. Não vi problema. Lá eu acessaria o leilão numa lan e pronto. Mas não foi bem assim. O leilão começaria às  oito da noite. Informei-me que as 2 lojas que há por lá fechavam às dez e pelo número do lote calculei que seria apregoado lá,pelas 11. Há uma cidade relativamente próxima, Natividade, mais abaixo da serra. Corri até lá e...nada. Também fechavam por volta das 11 e não,podia arriscar. Fui para Itaperuna, bem mais distante, a mesma coisa. Nos hotéis e pousadas só tinham o hi-fi.  Tinha que voltar para Varre-sai porque precisava estar lá ainda pela manhã do outro dia. Comecei a subir a serra meio triste porque não pude acompanhar o leilão de minha Santinha.

Quando cheguei era por volta das 11 h da noite. Fui tomar um sorvete e comentei com a dona da sorveteria a minha busca por um computador e minha tristeza... Ela de pronto disse que eu poderia ir até sua casa e usar o seu. Aceitei correndo e fomos num fôlego só. Lá chegando, máquina desligada. Segundos eternos. Máquina ligada, internet não logava... Deu pau, reiniciou... nada. Ligou para o irmão ir dar um jeito. Agora sim, eram minutos eternos. Ele chegou, reiniciou mas não conseguiu logar. Não era meu dia, pensava. Ouvia ele dizer que ia desinstalar isto e aquilo que estava travando o computador... Até que que ele se virou para mim e disse: "pode usar".  Entrei na busca, entrei no site e entrei na conta. Quase não acreditei: na tela estava o lote de minha Santinha sendo apregoado já no "dou-lhe duas" (a mais pura verdade). Confirmei a base e agora que era para fechar rápido, nada. Quantas voltas. Mas por fim me comprometi e nem dormi direito aquela noite.

  Foi muito providencial que a máquina ligasse exatamente no pregão do lote. Três cidades, hotéis e pousadas e na casa de tão caridosa senhora, o computador travado... Por isto penso que foi Nossa Senhora que quis que esta sua Imagem ficasse comigo, mesmo que tantas circunstâncias mostrassem o contrário. Cinco dias depois parti para São Lourenço-MG para buscar minha Santinha, não quis que viesse pelo Correio... Lá chegando é que vi realmente como era a Imagem. Fotos ampliam, reduzem, escondem ou distorcem a realidade.  Mas era minha Santinha Milagreira e não importavam seus trejeitos. Sua doçura e serenidade suplantam qualquer erudição sem sentimento... 




Que era baiana eu já sabia. Do XIX também. Mas só lá fiquei sabendo que não eram 93 cm e sim 73 cm (20 eram da coroa). Depois vamos percebendo a feitura bem popular e despreocupada do santeiro. Este talhe aprumadinho e este rostinho redondo e feliz das imagens baianas se acham às centenas. Mas  uma imagem com este tamanho, não. Há, ainda para lhe aumentar a graça e encanto, um"biquinho" de véu  bem na divisão das mechas do cabelo partido ao meio... E um cíngulo para prender parte do manto.




"DEFEITO" : O que mais lhe reparei (depois de toda doçura, encanto e singeleza que representam bem a  Mãe de Nosso Senhor) foi a falta de um pouquinho mais de madeira em certas partes, sobretudo no ombro direito. O esquerdo é compensado um pouco pelo manto. E se olharmos bem veremos que a "menina do olho" direito é ligeiramente maior que a outra. Os anjinhos são estrábicos e o da frente parece ter chifres (a lua atrás das orelhas).  E as mãos com dedos tão finos que se fundem... 




A cintura ficou um pouco mal marcada. Deste ângulo está bem, mas de frente, não.




O lado de trás  até que foi bem feito.




E assim, mesmo cheia de trejeitos, a entronizei num oratório da sala com  a dignidade que dispunha para  lhe oferecer. O oratório é daqueles D.João ou D. Maria "com leques", presente de um querido amigo. Os tocheiros folheados a ouro do séc. XIX de uma loja da  Rua do Lavradio (pena que estão fechando).




Quando fazia as fotos do oratório olha quem estava atrapalhando... ele tem mais dois irmãos: um gêmeo e outro ranjado (rajado)...




Estas 3 cabeças soltas (que parecem ser pernambucanas ou portuguesas) são de um outro leilão e certamente de uma outra Imagem da Imaculada... Os vasinhos são nacionais sem marca. A floreira em prata portuguesa.




Um dos  terços que traz agora é bem antigo (português) de esferas maciças. O outro, de contas "confeitadas" ou de Viana, na verdade é um "terço" islâmico, comprados na Feira da Pça. XV. A pequena salva portuguesa  até que serve como resplendor.


AVE CHEIA DE GRAÇA. O SENHOR É CONVOSCO!