No final do ano houve um Leilão num brechó do Rio (Subúrbio). Participei pela rede.
O prato com Galo, peguei logo, meio salgado, mas queria tanto.
Quando fui buscar, encontrei outras peças portuguesas em venda direta...
Fiz um pequeno garimpo.Nem tudo está aqui porque acabou a bateria da câmara.
Mesmo assim peço desculpas pelo bolo de peças...
Fiz um pequeno garimpo.Nem tudo está aqui porque acabou a bateria da câmara.
Mesmo assim peço desculpas pelo bolo de peças...
Surpresas que mostro abaixo:
Grande Medalhão : 37 cm.
A pintura é grossa, relevada...
Barro ligeiramente rosado e leve.
Nenhuma marca...
A não ser este borrado de tinta que lembra um "V".
As cores são festivas.
Um medalhão lindo que espero ser português.
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Mas o que me surpreendeu mesmo, neste brechó,
foi este pequeno Oratório de uns 20 cm em barro vidrado.
Já sabia, pela memória, que se tratava de um artesanato português.
Algo como o nosso Mestre Vitalino de Caruaru, que vira e meche tem umas peças em leilão.
Para ser sincero, não é o tipo de Arte que gosto logo (pela paixão aos modelos Barrocos e Clássicos).
Mas estava tão em conta que peguei para fazer uma pesquisa.
Descrevendo a peça, encontrei algo sobre J. Ramalho e me decepcionei.
Na minha peça havia RR e não JR. Só depois descobri que se referia à Rosa Ramalho.
Fiquei encantado com sua figura forte e tão radiante e fiquei feliz pelo seu reconhecimento em vida.
Só espero que este oratoriozinho tenha saído de suas mágicas mãos.
Mas talvez seja de sua Oficina.
Vidrado por inteiro.
Não conseguia ter um olhar de encanto para estas peças "sacras".
Ao contrário de pratos, galos, tipos comuns, etc.
Que sempre achei legal.
Estes cornos meio salientes...
O RR da assinatura.
E aqui o rosto que me comoveu
e fez-me realinhar meu olhar e meus pensamentos
sobre sua Obra ...
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Também catei lá.
Sem marca, como de costume.
As cores estão como de ontem.
Mas devem ser do XIX.
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Também este jarrão de vinho.
Uma Flor
a sorrir como um Sol.
a sorrir como um Sol.
A alça meio "Décor".
O frontão brasonado
como uma carranca imponente...
como uma carranca imponente...
Outra Gigante da Cerâmica Portuguesa:
Maria de Portugal.
Bem grande.
Mais de 3 litros.
" QUE SEJA ASSIM.
A ARTE NÃO ESQUEÇA A ALMA.
MAS A ALMA, E O CORPO TAMBÉM,
POR GASTO E MARCADO QUE ESTEJA,
MESMO JÁ FEITO PÓ DE BARRO,
É QUE DEEM SENTIDO A TANTA BELEZA,
QUE SE CRIA PELA VIDA INTEIRA.
NO LABOR, NO PRAZER OU NA PELEJA"
NO LABOR, NO PRAZER OU NA PELEJA"
Caro Amarildo,
ResponderExcluirBom Ano Novo! E Boas Aquisições!
Esse jarrão da Faianca Battistini é interessantíssimo e constitui uma aquisição especial - foi um óptimo começo de Ano.
As Peças de barro vidrado da Rosa Ramalho, são reconhecidas à distancia e estão a valorizar-se continuamente.
Continuação do garimpo....
Um abraço
Jorge Gomes
Querido Jorge,
ExcluirObrigado.
Ainda estou em falta com os amigos, mas chego lá...
Se souber qualquer coisa sobre o prato, depois me diga.
Depois vou postar as outras peças (Sacavem tb) que peguei no brechó.
Um abraço.
ab
Amarildo
ResponderExcluirParabéns pala aquisição de um belo lote de peças. Gosto especialmente do prato com uma decoração típica do Norte. Será da zona de Gaia, talvez Fervença(?). É sempre difícil a atribuição por fábricas pois as marcas são pouco comuns, se mesmo inexistentes. As leves pinceladas, em jeito de folhas, o verde seco, bem como o amarelo ocre menos vivo, talvez indique a produção de Fervença. Certezas não há. Mas é uma bela peça, bem como as outras.
Ivete
Querida Ivete.
ExcluirObrigado.
Essas apreciações vindas de vocês ajudam-me em minha doce mania pelas louças e especialmente pelas Louças Portuguesas. Deste post o que mais gosto é este prato. E as demais peças, por serem portuguesas, têm seu lugar em minhas velharias. Mas não sei se este prato com características do Norte, como Vc, observou é uma velharia ou uma reprodução recente (acho que neste caso, deveria haver uma indicação, como em tantas que reproduzem em azul ou vinoso, coelhos, caçadas, aranhões, etc, que datam em romanos séc. XVIII, claramente dizendo que é uma reprodução dos motivos deste período.).
O prato, como falei, é bem leve para o tamanho num barro bem claro, quase branco mesmo. Tenho outros dois, já postados, que se assemelham no que se refere à faiança, leve e branca e tb pelo relevo da pintura. Mas os considerei mais espanhóis (Talavera ou Manises). Agora veio a dúvida novamente...
Um abraço.
ab
Amarildo, começo por lhe dizer que o seu oratório com o calvário, da Rosa Ramalho, foi um belo achado! As peças saíam das suas mãos mesmo e hoje são muito apreciadas e raras. Ali está a concepção original que depois a neta, Júlia Ramalho, continuou e desta sim tenho várias peças, enquanto que da avó só uma que comprei há muitos anos.
ResponderExcluirQuanto ao prato com o galo, é um belo exemplar, certamente português e do Norte, como aliás a Ivete Ferreira já referiu. A época é que é mais difícil de determinar...
Também achei muito interessante e linda a sua N.S. do Bom Despacho. Que nome curioso!
Resta-me dar-lhe os parabéns por este belo lote de loiças portuguesas e agradecer-lhe tê-las partilhado aqui.
Um abraço
Maria A.
ResponderExcluirObrigado.
Como falei, a bateria da câmara acabou e não postei as peças todas.
Vou fazer outra mistura e postar qualquer dia.
Considerei um presente a peça de Rosa Ramalho. A Pessoa é sempre mais que sua Obra. Mas esta também é parte daquela. Confesso que foi realmente sua personalidade, sua face mesmo, que fez-me rever o pequeno oratoriozinho e incansável criação.
Gosto muito da Faiança Batistini (M. de Portugal).
Não sei a origem da devoção à N. S do Bom Despacho, certamente de alguma terrinha aí... Realmente é curiosa a invocação.
Um abraço.
ab
Como está Amarildo.
ResponderExcluirDestas peças que aqui nos deixa, gosto especialmente do primeiro prato. Quanto às outras peças, considero-as interessantes como elementos típicos de uma cultura da cerâmica, que afinal todos prezamos.
O prato parece-me bem português, e com uma grande percentagem de certeza, proveniente de uma fábrica do norte de Portugal.
Quanto à fábrica em causa, sem a respetiva marca a peça poderá ser de qualquer das que possuem louça com esta forma de colorido e desenho.
Há uns tempos atrás diria Fervença e Bandeira como origens prováveis, mas depois de ter lido uma comunicação sobre o aturado estudo arqueológico que se fez no sítio onde se situou a Fábrica de Sto, António do Vale da Piedade, considero esta paternidade como igualmente provável.
Quando escreve que a pasta que constitui a peça é ligeiramente rosada, uma das possíveis explicações, que encontrei no estudo que anteriormente referi no último parágrafo, consta que o barro de melhor qualidade, esbranquiçado, e por isso mais caro, seria adquirido a sul, na região de Lisboa, o que teria como consequência, ser um material mais caro (pelo transporte e pelo preço na origem), pelo que o misturavam com barros da região, mais vermelhos, que confeririam às peças uma tonalidade mais ou menos rosada, consoante a sua percentagem.
Mas esta sua peça é um verdadeiro achado e, se a visse à venda, e tivesse com quê, tentaria que não me escapasse!
Uma boa semana
Manel
Manel,
ResponderExcluirHá quanto tempo... Fico feliz que veio e trouxe também uma boa informação.
(Mas não se ressinta de minhas cobranças. Logo eu, tão em falta com os colegas.
Não dá para comentar tudo.).
O post seria só sobre este belo e grande prato com jeito do Norte. Mas resolvi postar o que trouxe do brechó.
Fico feliz que minhas expectativas sobre ele encontrem acolhida entre Vocês, que bem conhecem dessas louças e têm tantos elementos de comparação e informação.
Há uns 5 anos, ele passaria direto, sem muita atração. Foi o contato com os Blogues (Luis etc) que aguçou este meu gosto latente por louças, e particularmente a portuguesa.
Havia lá uma jarra de vinho decorada com casario azul que estava de olho, mas subiu tanto que nem cheguei perto. Se encontrar o link, vou te enviar (e-mail).
E o meu vaso quebrado com pegas em cara de leão? Todo jeito de Santo Antonio do Porto, né? O final do ano trouxe estes presentes. Fui até visitar o Museu do Açude, um encanto de telhas, azulejos e vasos... E muito verde.
Obrigado. Um abraço.
ab
Caríssimo Amarildo sinceros parabéns pelas aquisições, um costume seu apanágio, reflectem feeling e bom gosto.
ResponderExcluirO prato é magnifico. Claro que é fabrico norte, se atendermos à dimensão, 37 cm,ao formato do tardoz, será com muita certeza de fabrico de Darque antes de fechar? Ainda por cima tem na aba a letra azul "V" que evidencia ser produção posterior às marcas que estamos habituados de Viana, entre estas existem outras com "v" gravado na massa quase minúsculas.Claro que o brilho do esmalte encaminha para Fervença, o mesmo das cores que nos divide entre esta, Bandeira e Darque.
O Cristo da Júlia Ramalho, os "cornos" que fala , são pináculos?, Veja o meu ultimo post ,semelhantes nas terminações de floreiras.
O jarro pintado pela Maria Portugal será anos 40, em que por motivo da exposição mundial ocorrida em Lisboa, Salazar quis evocar a gloria do nosso passado que na cerâmica se traduziu na pintura de caravelas e brasões.
Toda a sua coleção se ajunta de peças de grande interesse.
Continuação de bom ano
Um abraço
Isabel
Querida Isa.
ResponderExcluirObrigado.
Ainda bem que há esta interação de saberes e suspeitas. Nunca tinha ouvido falar em "Darque". Vou correr atrás para descobrir o que seja ou onde seja...
E depois olhar os seus posts e continuar a conversa.
Agora numa correria danada.
Fico muito contente que este prato tenha sido tão bem olhado e querido por vocês do Velho Portugal. Ele deve ter mesmo essa importância toda. Agradeço as informações e idéias. Acho que fui contagiado pela cerâmica portuguesa. Não vejo um mundo humano, belo, trabalhador e cheio de histórias sem estas peças.
Um abraço.
ab
Amarildo
ResponderExcluirAlgumas das suas peças são muito interessantes, como o prato com o Galo, certamente fabricado em Gaia ( Fervença, Bandeira ou St. António) ou o Cristo, marcado RR, uma marca que já poderá ser da sua neta, Júlia Ramalho. Por mim, cada uma delas justificava um post separado. Já vi um Cristo genuíno de Rosa Ramalho, em casa de uma irmã do célebre dirigente comunista, Álvaro Cunhal e era uma peça deslumbrante. A Rosa Ramalho merecia um destaque especial e sobretudo acho que não tem nada a ver com o pote do Leopoldo Battistini. Desculpe a minha franqueza, mas Rosa Ramalho e Leopoldo Battistini não jogam um com o outro. É como azeite e água.
Um abraço
Luis,
ResponderExcluirObrigado por voltar.
Concordo que seja uma mistura sem uma determinante afinidade. A não ser o fato de serem peças, provavelmente, portuguesas e de cerâmica e que catei num único brechó quando fui buscar o prato que havia arrematado.
Quanto a esta incompatibilidade absoluta ente R. Ramalho e M. de Portugal, penso que esteja falando de algo além de estética, modelos, etc. Porque quanto a isto é muito evidente. Talvez se refira ao âmbito cultural, político... Não sei.
Neste caminho, tenho ainda que dar os primeiro passos. Por enquanto olho as louças "só por fora". Este Cristinho marcado RR foi a primeira exceção. E o que descobri que havia por detrás considerei mais importante.
A mistura de post é porque tenho a impressão que não dá para postar tudo que achamos legal ( e não dá mesmo). Mas como já te disse, tenho o blog também como álbum das peças que seleciono.
Um abraço.
ab
Amarildo
ResponderExcluirSei bem que cada um é livre de escrever o que quiser na internet, mas talvez em termos de gosto ao contéudo existam algumas regras de bom senso, que convém seguir.
A Rosa Ramalho representa o que há de mais autêntico na arte. A minha ex-sogra que tinha também algumas obras genuínas dela, contava-me que algumas das peças correspondiam a sonhos que a Rosa Ramalho tinha. Se quisesse comparar Rosa Ramalho, que é considerada um expoente da arte popular portuguesa, podia ir buscar outros oleiros tradicionais portugueses e até talvez brasileiros, quem sabe, ou apresentar os pratos ratinhos.
A obra do Battistini não tem nada de popular. É revivalista, no caso desta jarra busca inspiração no estilo D. João V. Está no lado oposto da Rosa Ramalho. Ao lado da obra daquela ceramista tão pura, tão genuína, as produções do Battistini parecem ainda mais afectadas do que são realmente.
Sei que o Amarildo está desejoso de nos mostrar o quem tem, gosta de partilhar os seus tesouros, como todos os coleccionadores, mas há certas regras no gosto, que são do bom senso, em que é preferível não misturar peças muito diferentes, de muitas épocas e estilos, sem que haja pelo menos um fio condutor, que pode ser um tema ou pelo menos uma cor, um motivo ou uma forma. Em caso de dúvida, não misture.
Além disso, muitas das peças que tem vindo a apresentar aqui no blogue merecem só por si uma história
Um abraço e desculpe-me a sinceridade
Luis,
ExcluirNão tenho como te agradecer o suficiente. Mas basta que saiba que sou agradecido de suas visitas, suas idéias, informações preciosas e sinceridade de opinião.
Sobre a Jarra de Vinho:
Este tipo de louça é oferecido por aqui como "Alcobaça", simplesmente, seja Battistini ou outro. Nem sei se corresponde a esta localidade. Tenho que me informar sobre isso. Como Você vê sou bem iniciante e como falei, ainda olho as peças só "por fora". E neste sentido esta louça é para mim tão atraente, decorada á mão, bem colorida em tons graduados de terra... e muitas flores. Ainda que sejam uma re-apropriação, de cunho bem comercial, não popular, etc, considero belas suas peças. E a mão livre, por mais guiada e treinada que seja confere à cada peça uma singularidade a mais.
Sobre o Cristinho:
Mas agora concordo com Você, mesmo sem me inteirar muito, que não dá para colocar a produção delirante e a absolutamente expressiva e despretensiosa de Rosa Ramalho ao lado dessas peças "Alcobaça".
Agradeço sua lucidez e gentileza de nos iluminar com ela.
Vou tentar conter-me nas misturas.
Um abração.
ab
Amarildo, na altura, quando fiz o comentário anterior, esqueci-me de lhe dizer que aquele "V" colorido que vê no verso da aba do prato não corresponde a nenhuma marca. Acontece muitas vezes este efeito, e tenho-o em muitas peças que possuo.
ResponderExcluirO que acontece é que, quando as peças vão ao forno, elas são colocadas umas em cima das outras, separadas por uma espécie de trempes. Ora, acontece que essas trempes, com o uso, desbastavam-se e muitas vezes a parte de trás de um prato ficava muito próxima da parte pintada do que lhe estava por baixo, e com o calor da cozedura, as cores, ao fundirem-se, passavam de uns para os outros, deixando como que uma sombra colorida.
Tenho muitos pratos em que este efeito se pode ver. Não se trata de qualquer marca, mas sim de transferência de cor
Manel
Manel.
ResponderExcluirSó tenho a agradecer. Estas informações vão se juntando e possibilitando que meu interesse pelas maravilhosas louças portuguesas vá criando raízes fortes.
Gostaria de fazer uma pergunta e fique à vontade se puder e quando quiser responder:
Esta Santinha (Despacho) que postei, caso seja portuguesa seria de que época? Quais fábricas fizeram este tipo de peças?
Um abraço com toda gratidão e estima.
ab
Para Venda, peças originais de Rosa Ramalho,um oratório e uma das suas celebres Cabras.Gostaria de entregar a quem soubesse estimar e valorizar a sua obra.Contacto particular para sandra.silveira010@gmail.com .
ResponderExcluirAdoraria ter uma peça da minha tia-avó Rosa Ramalho. Tenho peças da minha prima Júlia Ramalho. Meu avô paterno era ceramista também.
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