segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

ARTE SACRA: IMACULADA MÃE DO SALVADOR. IMAGEM "BAIANA, MINEIRA" (E MILAGREIRA).


Foi exatamente esta imagem que vi (e me apaixonei) num anúncio de leilão. A diferença é que no site havia um galaxy 5 (acho que é um celular) ao lado esquerdo da base, como referência de tamanho. Estava anunciada assim: "Imagem mineira (sic), madeira ... 93 cm...  coroa de prata... etc"  e  com um valor de base que bem pagaria a coroa, e só. Quem entende um pouquinho de imaginária brasileira vê logo que se trata de uma imagem baiana. Mas gostei dela e fui acompanhando durante uma semana mais ou menos os lances do leilão e nada de alguém lançar neste lote da Imagem "mineira".

Finalmente chegou o dia do pregão e fiquei com pena por ninguém ter lhe dado valor. Resolvi fazer um lance, mas quando ia digitar pensei que seria mais prazeroso acompanhar o leilão e dar pelo menos o primeiro lance e algum mais (ainda que outros o superassem). Mas esqueci-me que naquele dia estaria no norte do Estado numa cidade chamada Varre-sai (produtora de café) e terra do famoso Baden. Não vi problema. Lá eu acessaria o leilão numa lan e pronto. Mas não foi bem assim. O leilão começaria às  oito da noite. Informei-me que as 2 lojas que há por lá fechavam às dez e pelo número do lote calculei que seria apregoado lá,pelas 11. Há uma cidade relativamente próxima, Natividade, mais abaixo da serra. Corri até lá e...nada. Também fechavam por volta das 11 e não,podia arriscar. Fui para Itaperuna, bem mais distante, a mesma coisa. Nos hotéis e pousadas só tinham o hi-fi.  Tinha que voltar para Varre-sai porque precisava estar lá ainda pela manhã do outro dia. Comecei a subir a serra meio triste porque não pude acompanhar o leilão de minha Santinha.

Quando cheguei era por volta das 11 h da noite. Fui tomar um sorvete e comentei com a dona da sorveteria a minha busca por um computador e minha tristeza... Ela de pronto disse que eu poderia ir até sua casa e usar o seu. Aceitei correndo e fomos num fôlego só. Lá chegando, máquina desligada. Segundos eternos. Máquina ligada, internet não logava... Deu pau, reiniciou... nada. Ligou para o irmão ir dar um jeito. Agora sim, eram minutos eternos. Ele chegou, reiniciou mas não conseguiu logar. Não era meu dia, pensava. Ouvia ele dizer que ia desinstalar isto e aquilo que estava travando o computador... Até que que ele se virou para mim e disse: "pode usar".  Entrei na busca, entrei no site e entrei na conta. Quase não acreditei: na tela estava o lote de minha Santinha sendo apregoado já no "dou-lhe duas" (a mais pura verdade). Confirmei a base e agora que era para fechar rápido, nada. Quantas voltas. Mas por fim me comprometi e nem dormi direito aquela noite.

  Foi muito providencial que a máquina ligasse exatamente no pregão do lote. Três cidades, hotéis e pousadas e na casa de tão caridosa senhora, o computador travado... Por isto penso que foi Nossa Senhora que quis que esta sua Imagem ficasse comigo, mesmo que tantas circunstâncias mostrassem o contrário. Cinco dias depois parti para São Lourenço-MG para buscar minha Santinha, não quis que viesse pelo Correio... Lá chegando é que vi realmente como era a Imagem. Fotos ampliam, reduzem, escondem ou distorcem a realidade.  Mas era minha Santinha Milagreira e não importavam seus trejeitos. Sua doçura e serenidade suplantam qualquer erudição sem sentimento... 




Que era baiana eu já sabia. Do XIX também. Mas só lá fiquei sabendo que não eram 93 cm e sim 73 cm (20 eram da coroa). Depois vamos percebendo a feitura bem popular e despreocupada do santeiro. Este talhe aprumadinho e este rostinho redondo e feliz das imagens baianas se acham às centenas. Mas  uma imagem com este tamanho, não. Há, ainda para lhe aumentar a graça e encanto, um"biquinho" de véu  bem na divisão das mechas do cabelo partido ao meio... E um cíngulo para prender parte do manto.




"DEFEITO" : O que mais lhe reparei (depois de toda doçura, encanto e singeleza que representam bem a  Mãe de Nosso Senhor) foi a falta de um pouquinho mais de madeira em certas partes, sobretudo no ombro direito. O esquerdo é compensado um pouco pelo manto. E se olharmos bem veremos que a "menina do olho" direito é ligeiramente maior que a outra. Os anjinhos são estrábicos e o da frente parece ter chifres (a lua atrás das orelhas).  E as mãos com dedos tão finos que se fundem... 




A cintura ficou um pouco mal marcada. Deste ângulo está bem, mas de frente, não.




O lado de trás  até que foi bem feito.




E assim, mesmo cheia de trejeitos, a entronizei num oratório da sala com  a dignidade que dispunha para  lhe oferecer. O oratório é daqueles D.João ou D. Maria "com leques", presente de um querido amigo. Os tocheiros folheados a ouro do séc. XIX de uma loja da  Rua do Lavradio (pena que estão fechando).




Quando fazia as fotos do oratório olha quem estava atrapalhando... ele tem mais dois irmãos: um gêmeo e outro ranjado (rajado)...




Estas 3 cabeças soltas (que parecem ser pernambucanas ou portuguesas) são de um outro leilão e certamente de uma outra Imagem da Imaculada... Os vasinhos são nacionais sem marca. A floreira em prata portuguesa.




Um dos  terços que traz agora é bem antigo (português) de esferas maciças. O outro, de contas "confeitadas" ou de Viana, na verdade é um "terço" islâmico, comprados na Feira da Pça. XV. A pequena salva portuguesa  até que serve como resplendor.


AVE CHEIA DE GRAÇA. O SENHOR É CONVOSCO!

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