terça-feira, 6 de maio de 2014

ARTE SACRA: GRAVURA E ESCULTURA: SS. TRINDADE E SAGRADA FAMÍLIA, DESTERRO E CONSOLAÇÃO..



Esta gravura, que chegou agora, foi uma espécie de consolação.
Uma pequena alegria ante um fracasso de um pobre colecionador de santinhos...  
Uma espera inglória. de uns 20 anos que por fim se encerrou. Mais vale uma gravura na mão...  
Além disso, gosto muito deste tema da Encarnação (ficaria melhor no Natal) e desta junção entre Céu e Terra.



Mede 50 cm x 40 cm (parte impressa).
Não traz (que eu tenha achado) nenhuma marca do gravador ou da tipografia. 




Como estava com as margens muito danificadas, acabei aparando.
Espero não ter danificado ainda mais...




Este desenho parece  remontar ao séc.XVIII.
Só Nossa Senhora calça sandálias.




Mas é uma reedição do XIX.
Há uma datação 1851- (... )52.  
Certamente é 1852; se fosse um centenário deveria ter final 51.
Além disso, aquela volta fechada não pode ser um 9.
Pode ser um impresso simples mas o tenho como valoroso.



Agora é só tratar os fungos, emoldurar e  tentar encontrar um lugar que caiba.
Muita coisa a gente guarda nos armários, gavetas...
 Mas quadro não dá.




Ao fazer as fotos, lembrei-me de que tenho este oratório mineiro.


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(Estas 6 fotos foram acrescentadas depois do cmt do Manel)


Com uma S. Família  (Desterro) morando nele.
Imaginária baiana do séc. XIX. Madeira policromada e dourada, olhos de vidro, cerca de 30 cm.
 Porte elegante e policromia conservada.



Esta S. Família também é uma consolação ante uma outra perda.
Antes desta, possuía uma mais preciosa (portuguesa) que me desfiz num grande aperto.




Mas é uma consolação maravilhosa. Acabei gostando muito deles.
Quero arrumar agora um Divino que seja proporcional para coroar a cena tão comovente desta doce família.



O Menino é um arranjo (já veio assim). 
Dá para ver que é um outro trabalho. Originalmente devia ter sido um Tobias de um S. Rafael.
 A direita segurava a mão do Arcanjo e  a esquerda um peixe.



Passados estes dias resolvi emoldurar a gravura.



Há trés anos esta moldura me incomodava pelos cantos da casa,
 em cima ou dentro de algum móvel...
Não sei por que a gente teima em comprar molduras vazias.



O motivo deve ser este de, vez ou outra, encontrarmos
quadros que caibam direitinho.



Se bem que há quase uma lei (ou havia) de proporção entre altura e largura.
Aqui foi quase o caso.
 Lá na  vidraçaria ainda recortaram mais um pouquinho das margens da gravura...





E resolvi, por enquanto, a questão de onde fixar esta Sagrada Família.
Sumi com o quadro que estava aí antes e a pendurei no mesmo prego...
 Só não sei que eliminei bem os fungos (passei o ferro de roupas...).


"QUE SEMPRE NOS CONSOLE E AMPARE AQUI NA TERRA A DIVINA PROVIDÊNCIA QUE  DO CÉU NOS VELA..."

8 comentários:

  1. O seu oratório mineiro é uma graça. Muito bonito!
    Pena o painel de madeira do fundo, que me parece riscado e tem pouco impacto. Sou levado a pensar que, originalmente, deveria ser outro, talvez mais rústico, com alguma pintura que, devido à idade, poderia estar bastante danificada já.
    No entanto, como conheço pouco da arte brasileira, não sei se não estarei já a inventar.
    Em Portugal haveria alguma probabilidade do fundo ter alguma pintura, um papel pintado colado, ou talvez algum tecido, depende do gosto de quem o tivesse.
    Mas dou-lhe os parabéns por este oratório que é verdadeiramente belo e gosto ainda mais dele pela sua rusticidade.
    O oratório que se vê na última fotografia, à esquerda, apesar de mais erudito, também tem a sua beleza.
    Como gosta deste tipo de peças, e se ainda não visitou (com certeza já o terá feito), aconselho-o vivamente uma visita ao Museu do Oratório de Ouro Preto e uma outra sucursal deste em Belo Horizonte, onde estão patentes peças da fabulosa coleção de Angela Gutierrez.
    É de uma beleza de suspender a respiração.
    Um abraço
    Manel

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  2. Prezado e Ilustre Manel,

    Paz e Luz,

    Muito obrigado pela cortesia da visita e cmt.
    Pena que Vc não tenha um blog para a gente poder te encontrar com mais frequência.

    Já cheguei até pensar que Vc seja um heterônimo do Luis. Mas há a colocação de azulejos em sua casa... (que pode ser um outro cômodo ou casa do Luis...) Fantasias de blogueiros.

    A sua percepção é afinadíssima. De fato, o fundo do oratório mineiro é um arranjo novo. Tentarei um breve relato:

    Ao visitar um conhecido vendedor de móveis, a quem devo tantas gentilezas e que mora para lá de Vila Isabel, eis que o encontro no exato momento em que pregava o tampo novo do oratório. E me disse assim: Agora só falta trocar as molduras... Não podia deixar; e perguntei por quanto ele fazia naquele estado. Foi razoável e o trouxe na hora, como se encontra ainda, nem encerado foi. Pena que não pedi para ver o tampo antigo (podia ter alguma pintura até).
    Realmente as molduras estão muito danificadas e precisam ser consolidadas, só.

    O que acho mais belo nele é o jeitinho arabesco do cabeçalho. Foi repintado de marrom (que caiu em grande parte) Agora não sei se retiro o restante e deixo aparente o que sobrou da pintura original.

    Editei o post e acrescentei algumas fotos para Vc dar uma olhadinha quando puder.

    Quanto ao M. do Oratório e sua mentora Angela Gutierrez, só conheço pelos catálgos, livros e sites. Sabe aquele ditado "na casa de ferreiro..." Pois é. Mas tenho o propósito de conhecer de perto esta maravilhosa coleção (também de Santanas).

    Já tinha pensado em fazer um post com oratórios rústicos (mineiros, quase sempre). Tenho alguns poucos e bem simples mesmo. E o que é legal é que alguns foram de familiares e pessoas amigas (transforados em ninho de galinha, caixotes de ferramentas, etc.).

    Quando fizer o post, será um prazer sua apreciação.

    Quanto a este quadro da da S. Família ainda não sei nada. Não entendo bem dos processos mecanográficos do final do XIX, mas creio que seja uma gravura. Neste campo, Vc e o Luis são exímios.

    Muito obrigado. Um abração.

    Amarildo

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  3. Vi as novas fotografias do oratório, que deixam ver alguma coisa mais.
    Quanto a retirar a pintura, não sei se será muito bom, tudo dependerá de conseguir ficar com a superfície original, pois, se, com a pintura castanha que quer retirar, vier também a original, então será melhor não mexer, pois perderá tudo.
    Se conseguir retirar a pintura castanha e conseguir ficar com a original, então valerá a pena fazer esta intervenção. Mas terá de ter muita paciência e cuidado!
    Não sei bem quais são os padrões para restauro de peças antigas no Brasil, mas não o aconselho a tirar nada original, nem a substituir, será preferível consolidar o que existir, retirar colas velhas, que ponham em causa a solidez da peça, tratar a madeira de xilófagos, e talvez seja preferível não colocar nenhuma cor de substituição. A peça como está é absolutamente fantástica!
    Tal como lhe disse antes, é pena a placa de trás, mas agora já não poderá fazer grande coisa, a não ser que o antigo dono ainda lhe consiga arranjar a peça original. Seria perfeito ter a peça tal como estava!
    Se conhecer a forma como, originalmente, os oratórios com estas caraterísticas eram decorados no interior, ainda poderá ter a hipótese de mandar fazer algo que se possa adaptar, mas é algo perigoso de se fazer, pois pode diminuir o valor da peça.

    Achei curioso o considerar-me um heterónimo do Luís. Tal não é o caso. Somos amigos e, como tem acontecido desde há muito anos, continuamos a ter uma boa relação, pois os nossos gostos são afins, acabamos por ler coisas semelhantes, compramos coisas que obedecem a gostos que não diferem muito, o que estreita a nossa amizade.

    Quanto à sua gravura, não lhe sei dizer grande coisa, mas devo confessar-lhe que a gravura do século XIX não me entusiasma muito, ao contrário da do século XVIII, de que sou fã completo.
    Não sou muito conhecedor neste campo, o Luís sabe muito mais do que eu, pois acaba por colecioná-las e, com isso, tenta perceber a sua história. Trabalhando numa biblioteca tem acesso a obras sobre este tema que estão de há muito esgotadas no mercado. E utiliza a internet de uma forma muito ágil, o que lhe permite encontrar a informação de forma rápida. Eu, porque tenho pouco tempo para estas pesquisas, acabo por não as fazer.
    Eu sou um comprador de coisas de que gosto, entre elas as gravuras setencentistas, quando as encontro e estão ao alcance da minha bolsa, que não dá para muita coisa.
    O que vale é que as gravuras não estão na moda, e ninguém gosta delas, pelo que se vendem por preços módicos e comportáveis.
    Estou curioso por esse post com os oratórios mineiros, pois, se forem peças rústicas, devem ser peças muito bonitas.
    Peço desculpa por lhe tomar tanto do seu espaço
    Manel

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  4. Manel,

    Eu é que não quero tomar seu precioso tempo.

    Sobre o fundo original do oratório: Essa história faz uns 4 anos. Talvez ele até esteja naquele amontoado de velharias mas, te garanto, lá não se encontram facilmente, coisas de um dia...

    E sobre o post de oratórios, veja como são instáveis as coisas no tempo presente.
    Ficamos esperando que alguém tenha interesse naquilo que tb gostamos para partilhar idéias, etc. e quando isto acontece, algumas vezes, ficamos acanhados. Como agora é o caso. Quando disse que os que tenho são muito simples é porque são mesmo. Seu atrativo é tão somente por ser fruto de sinceras devoções, piedade para com as coisas sagradas, lembranças de família (menos as galinhas) e um pouquinho de trejeito para lidar com tábuas. Te garanto que o mais belo era este mesmo. Mas vou me atrever qualquer hora.

    Tive um erudito com rosas sobre fundo de ouro de uns 2 metros (camarim) que nem trouxe para a casa (muita enchente por aqui onde moro no interior do Rio). Mas vc prefere os rústicos, de produção espontânea que tanto nos surpreendem. Os clássicos e eruditos são previsíveis (mas não jogaria fora). E há os que surpreendem pela ornamentação (pinturas singelas ou eruditas).

    Um abraço. Obrigado.

    Amarildo

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  5. Amarildo

    O Manuel falou-me deste seu oratório e já cá ontem tinha vindo, mas o comentário volatizou-se no espaço cibernético.

    Acho este oratório encantador. É uma peça rústica, talvez do início do XIX, que acusa ainda um gosto barroco ou talvez seja ainda mais antiga. Não conheço bem a arte brasileira para me pronunciar. Fez-me também recordar algumas peças da colecção da Ângela Gutierrez que estiveram em exposição em Lisboa, no Museu de São Roque há quase vinte anos.

    Tenho uma pequena maquineta dos finais do XVIII, cujos lados interiores são pintados, mas a tábua de trás também foi arranjada e colocaram-lhe um papel a forra-la. Mas, este concerto já foi foi feito há muito. Talvez um dia o Manel restaure esta maquineta...

    A estampa é muita típica do de meados do século XIX. Tem aquele estilo que os franceses designam por Saint-Sulpice, igreja à volta da qual se reuniam os comerciantes de artigos religiosos, Pessoalmente, prefiro as imagens do XVIII. No século XIX a arte sacra começa a perder interesse. Experimente pesquisar pela Irmandade referida na estampa. Provavelmente encontra coisas giras.Talvez a estampa reproduza algum quadro de uma igreja.

    O Manel e eu somos pessoas distintas. Mas muito do que escrevo blog resulta de muitas conversas e discussões acerca de arte e história que temos juntos e até certa medida o Manel é autor de algumas ideias expostas no Blog. O Manel também torna o meu blog sempre interessante com os seus comentários. Mas temos estilos muitos diferentes de escrever.

    Um abraço

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    1. Muito obrigado Luis,

      Disse ao Manel que o mais belo oratoriozinho que tinha era este mesmo. Mas olhando bem ,há um outro quase do mesmo tamanho mas que parece menor por não ter frontão nem portas (vidro que encaixava por cima) com resquícios de douramento (filete) e pintura (muito simples) sobre colagem que se perdeu. Depois vou postar. Os outros, além de muito simples (caixotes mesmo), estão em manutenção (isto é, enfiados em algum canto ate que a gente se anime a mexer).
      Obrigado pela informação da estampa. Também gosto muito do XVIII mas por aqui é o século do ouro. E o que não é de ouro e vendido em seu peso às vezes...
      Um abração.

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  6. Saudações Amarildo!
    Talvez seja do seu conhecimento, mas permita-me falar sobre a tal proporcionalidade que você citou.
    Realmente ela existe, ou como você mesmo disse deveria existir.
    Principalmente na arte mais antiga é comum aparecer o número "fi" como o resultado dessa proporção.
    No caso da gravura ou moldura, dividindo a altura pela largura, se o resultado for aproximadamente 1,6 dizemos que as medidas estão em proporção áurea ou proporção de ouro.
    Esse valor, 1,6 é uma aproximação, pois o número de ouro é um número irracional.
    Eu como matemático e apreciador do que é antigo, gosto muito de localizar esse número nos objetos que compro. Altura comparada com largura comparada com comprimento, os desenhos usados nos padrões das peças de vidro ou na decoração das louças, etc.
    É isso!
    Um grande abraço!

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  7. CD.

    Eu sabia que esta sua brilhante e lustrosa cabeça era de matemático ou coisa parecida...

    Nunca fui bom nas exatas mas tive professores que se esforçaram para mostrar a beleza da Matemática e o encanto que ela tem. Sei que tem, mas sou lento mesmo.
    Muito obrigado pela atenção e pela explicação.
    Um abraço.

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