terça-feira, 9 de dezembro de 2014

CERÂMICA, FAIANÇA: VASO DE PORTAL, TELHAS DE BEIRAL: "QUEBRADAS, POR QUE TÊ-LAS? QUEBRADO POR QUE GUARDÁ-LO?"


Vou tentar um post sem muita história, só algumas informações. 
Sei e concordo com quem pense que estes elementos
 não deveriam ser colecionados destacados de sua arquitetura e origem. 
Mas nem sempre fazemos o bem que queremos. Quanto mais o que só sabemos...

Telhas de Beiral:
Talvez algumas sejam SAVP (ou SAP).
Outras devem ser (re)produção nossa, sobretudo uma bem vidrada toda em relevo  que parece ser Luis Salvador (e recente).




Esta já tinha há tempos.




Esta também...




É do motivo mais comum.
 Nota-se uma ligeira diferença das folhas em relevo.




Esta é uma gigante...




E apresenta o desenho mais diverso (Leões ou Dragões rampantes). 
Mas não resisto a uma pequena história:
 Entrei num belo antiquário da Serra com peças bem importantes e caras.
 As únicas peças que pensei que poderia pelo menos perguntar o preço eram 2 telhas.
Esta e uma outra bem mais abaixo, grande, com as folhas azuis sobre fundo branco (contrário das demais) e sem folhagem em relevo.
Pois bem.
Ao perguntar para o antiquário, que nem me conhecia,
 fui surpreendido por um gesto raro mas que já me aconteceu:
 Disse  que se eu havia gostado delas poderia  ficar  de presente...
Não acreditei  de início... Mas aceitei e elas estão comigo.




Até que chegou este  Lote de fragmentos.




Na foto cortada parecem inteiras...




Mas só estão inteiras estas duas e mais uma.
E as secundárias, estreitinhas.




Estas telhas devem ser de  produções  diversas:
A da direita  é de um barro mais claro e leve.
 A outra, de um barro mais vermelho e bem mais pesado.
 E apesar do motivo ser idêntico, o efeito é desigual  nas duas peças.
A mais  leve tem uma certa aspereza e não apresenta craquelado.
A de barro vermelho tem um efeito liso, brilhante e craquelado... 




O verso das duas telhas.




Estas são as que vão por cima:
Estreitas e bem leves para não pesar sobre as principais.




Mas se ficam escondidos,  por que têm este ponto azul na esmaltagem...?





Juntas  para as fotos.





Quem me dera um Beiral de Telhas
 em vez de telhas quebradas de um  beiral...




Esta do centro é a que penso ser Luis Salvador
e de fabricação mais recente.




 O verso.
 Toda vidrada.




Esta com folhagem azul
 sobre fundo branco (estanhola positiva)
 é a maior de todas: 92 cm.
Uma das que  ganhei no antiquário da Serra.
Talvez alguma outra fosse maior,
 mas são ajustadas no tamanho quando colocadas nos beirais.




Uma gaveta serve para muita coisa.




Um Museu de Cacos...




Agora o Caco mais querido.
Com todo jeito  de ser Santo Antônio do Porto.
Pena não ter o pedestal.
Mas prefiro assim que um pedestal somente.




Só conto que foi num final de feira,
um dia depois de dizer para uma querida blogueira que estava tão tentado
 a me desfazer de um outro bem para adquirir um vaso SAP (de um amigo meu,
 parecido na forma, inteiro, com base marcada FSAP, azul e branco e muito caro...).

 Não tinha a menor esperança de achar algo parecido e tão em conta...
Foi um presente de Natal dos Céus. 




Que medo!
Mentirinha...




Um carnaval de cores.
 Sonhava com estas ramagens.




Não muito grande:
37 cm de diâmetro e 31 de altura (sem o pedestal).





Não me canso de olhar,
de todos os lados.




De ponta cabeça.




Por baixo.




Realmente uma mistura impensável de cores.





Meu belo presente de Natal e com grande chance de ser SAP. 
Mas que é português, acho que  ninguém pode negar.





"UM TELHADO AZUL É COMO UM CÉU 
DE ESTRELAS AO INVERSO.
E UM VASO QUEBRADO, DO PORTO OU DE PERTO
TAMBÉM FAZ PARTE DO UNIVERSO.
OLHEMOS ENTÃO TAMBÉM AS TELHAS.
NEM  DEIXEMOS AO LÉU
  TANTOS CACOS 
POIS DO MESMO PÓ TEMOS SIDO FEITOS..."


21 comentários:

  1. Se não fosse feio e indelicado, sentiria uma imensa inveja. Gosto de todo o seu conjunto, especialmente dos fragmentos, espalhados pelo empedrado do chão. São uma visão magnífica dos telhados do céu, apeados da sua altura. Gosto especialmente das que têm a folhagem relevada.
    Parabéns pela aquisição.
    Ivete

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  2. Querida Ivete,

    Obrigado.

    Penso que a Inveja foi listada por engano entre os Pecados Capitais assim como o "Cobiçar as coisas alheias", no Decálogo. A não ser que todo comércio, mesmo o de troca, seja por Deus condenado...

    Gostaria de te pedir um favor, caso seja oportuno: Sei que conhece bem destas louças. Este vaso, além de SAP poderia ser que que fábrica? O Fábio, o Luis e a
    M. Andrade (sobretudo no último post) postaram alguns exemplares que achei parecido. Caso tenha alguma opinião, seria ótimo.

    E especialmente obrigado pela apreciação do Céu estrelado de Telhas...

    Um abraço.

    ab

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    1. ... E "apeados da sua altura..."

      Sociedade Amadora de Poetas é outra definição de SAP...

      ab

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  3. Caro Amarildo,

    Parabéns pelo que tem e pelo conjunto!

    São peças maravilhosas e o arranjo do conjunto que fez para a foto em cima do móvel está espectacular!

    Faz-me recordar Raul Seixas "Das telhas eu sou o telhado" (o Amarildo) !

    Quanto ao seu "caco" o mesmo é lindo ! E mais não digo.

    Um abraço. Continue.

    Jorge Gomes

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  4. Querido Jorge Amaral,

    Obrigado pela visita, comentário e elogios.

    Raul Seixas compôs belas músicas realmente mas não me lembrava deste trecho.

    Ainda estou te devendo uma visita mais demorada. Mas acharei tempo, gosto já tenho.
    Que bom que meu vaso, mesmo pela metade, encontrou um olhar bondoso de quem conhece e aprecia tanta bela louça.

    Sobre o arranjo sobre o arcaz foi só para as fotos mesmo. Está chegando a temporada das enchentes, que de uns tempos para cá ocorrem muito em nossa cidade. Com as louças não me preocupo tanto, mas os santinhos policromados... não podem nem ver água.

    Um abraço agradecido.

    ab

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  5. Que maravilha, Amarildo!
    Nem dá para acreditar que conseguiu de uma só vez este belo conjunto de telhas de beiral! E de presente!!! Há horas de sorte, sem dúvida!
    No passado fim de semana vi à venda no Porto algumas das fininhas, os cumes para sobrepor, mas as outras é muito raro aparecerem
    E o vaso de faiança tem todo o ar de ser de Santo António. Já viu como ele é parecido no formato e nas cores com um que eu fotografei no Museu do Açude dentro de um óculo oval? Que pena o seu não ter o pé onde estaria certamente a marca!
    Não sei se Miragaia os fez assim em policromia, só conheço a azul e branco e a Fábrica das Devezas, que também produziu variados ornamentos de fachada, fê-lo essencialmente a branco ou com cores discretas.
    Também eu fico cheia de inveja destes seus achados, mas ainda bem que este tipo de inveja não é pecado de monta... :)
    Acho que as telhas e o vaso ficaram em boas mãos, com alguém que os valoriza e lhes restituiu dignidade. Parabéns!

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    1. Maria A.

      Muito obrigado.

      E santa inveja tenho eu de vocês com tanta louça bela por perto e tantas feiras. Por aqui são tão poucas e distantes.

      Quase deixei passar este vaso. Estava entre tantas coisas velhas que nem aparecia. E quando o vi só deu para perceber o amarelo inconfundível
      e aquele vermelho terra. A estampa estava escondida. Quando o peguei fiquei como que cego e pensei que o ramalhete colorido fosse um decalque inglês. Já havia comprado e pago o preço tão em conta.
      Mas não podia sair com ele pela Feira. Só quando o fui buscar é que me lembrei dos estampilhados coloridos como daquele lindo do M. do Açude (que tb o Fábio e o Luis postaram). E o carreguei como se fosse um bebê.
      Gosto daqueles azuis (como o do meu amigo) mas estes coloridos são um encanto, um carnaval de alegria.

      Se eu encontrar os links dos leilões que te falei das telhas, do leão e dos vasos, passo para Vc dar uma olhadinha. Um ainda ativo com um vaso baixo (ou quebrado na parte de cima) marcado SAP e muito caro. Não deve sair mas quem o pode comparar?

      Um abraço.

      ab

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    2. Olá Amarildo, de novo!
      Voltei cá com mais tempo e descobri que tinha feito confusão com a história que contou. :) Pensava que a oferta era de todo aquele lote de telhas e fragmentos e afinal foram dois telhões em belíssimo estado que lhe foram oferecidos! Muita sorte em qualquer dos casos!
      Mas também o Amarildo pode ter feito uma pequena confusão..;)
      O vaso SAP a que me refiro e que acho muito parecido com o seu é o da minha 4ª foto, não é nenhum dos que o Luís publicou, talvez o Fábio o tenha num dos postes que dedicou ao Museu do Açude, mas não consegui encontrá-lo para confirmar.
      Quanto aos pormenores a azul numa das extremidades das telhas estreitinhas, teriam como objetivo ser visíveis de baixo, nos intervalos das telhas maiores do beiral. A peça que mais me intrigou foi o telhão com os leões ou dragões. Será que também é português? É que não conheço por cá esse motivo.
      Oxalá encontre os links dos leilões! Gostaria imenso de ver.
      Um abraço

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    3. Maria A.

      Obrigado mais uma vez.
      Aquele vaso lindo pensei tê-lo visto tb com o Luis e o Fábio. Aliás, o Luis postou, se não me engano, a partir de fotos enviadas pelo FC.
      Mas vou olhar novamente os posts.
      E vou agora procurar os links dos leilões.

      Abraços.

      ab

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  6. Caro Amarildo só posso prestar sinceros parabéns pela aquisição grandiosa de tão bom gosto.Quem gosta de faiança adoraria ter peças como as que mostrou, as telhas são de fato deliciosas e o vaso igual.Seguramente produção norte como foca.Também já me tem oferecidos peças. Ainda existe gente que gosta de ofertar, eu também dou bastante.Numa destas últimas feiras deixei uma jarra de altar asada com vidrado imensamente branco, pintada a amarelo vivo, senti que era produção norte, agora vendo o seu vaso, fico com a pulga na orelha, porque não a comprei, mas se era cara!
    Continue a procurar, quem procura sempre acha.
    O seu fileeng é espantoso nas escolhas.
    Se não nos falarmos entretanto formulo votos de uma quadra natalícia cheia de paz saúde e amor porque prenda já tem.
    Beijinho
    Isabel

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  7. Querida M. Isabel,

    Obrigado.

    Estou realmente muito contente por esta prenda.

    Por aqui, nos leilões e antiquários estes vasos são uma pequena fortuna nestes tempos difíceis. Tudo bem que são oferecidos mais conservados. Mas nem sempre, um dia desses uma base marcada SAP com restante em cratera de mármore saiu bem cara. Talvez fosse de uma casa que perdeu o vaso e que recompuseram com um vaso de mármore. Depois os herdeiros venderam tudo...
    Nem sempre são vendidos porque pedem muito alto mas não fazem por menos.

    O curioso é que a feirante conhece bem de louças e ela disse logo que era português, quando notou meu interesse.

    Mas foi um dia de sol ameno e de sorte grande.

    Um abraço.

    ab

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  8. Parabéns pelo seu Blogue! Sempre que posso venho cá espreitar.
    Adorei as telhas e a forma como as fotografou.
    Um abraço
    LM

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    1. Prezado LM.

      Obrigado pelas visitas, pelo comentário e apreciação.

      Sabe. Estes elementos de arquitetura, como os azulejos, fora de seu canto original faz lembrar os passarinhos nas gaiolas...
      Mas tenho o sonho de um dia ter um cantinho com uma beira, mesmo uma sacadinha só, para dispor destas telhas como merecem, feito um pequeno céu.
      Por enquanto, vamos juntando...

      Um abraço.

      ab

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  9. CD,

    Obrigado.

    Boas Festas. E depois a gente poe a conversa e dia.

    Um abração fraterno.


    ab

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  10. Bela coleçao Amarildo , fico feliz com quem ainda preza pela historia e tenta mantela viva.
    abraço !
    Francisco Freitas

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  11. Francisco,

    Obrigado. Venha sempre fazer uma visita.

    Um abraço.

    ab

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  12. Caí aqui procurando algo que vi em Portugal, as telhas pintadas e revestidas de louça, que mesmo lá não são comuns e são peças de museu. Lindíssima sua coleção. Parabéns, é uma grande sabedoria tê-las recolhido.
    Ivan

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    1. Prezado Ivan,

      Que bom que tenha "caído" aqui. Obrigado pela apreciação e pelo comentário.

      Sou fascinado por estas telhas e outros elementos cerâmicos de ornamentação de fachadas.

      Faça contato sempre que quiser.

      Um abraço.

      ab

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    2. Fotografei lá em Portugal, em Porto, Casa do Infante, essas, olhe só: https://drive.google.com/file/d/0B1mk5MnaVTpnNm1rT01walIxWnM/view?usp=sharing

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    3. Ivan

      Que gentileza.

      Esta decoração de folhagens de flores brancas sobre o azul (na verdade é o azul que está sobre o branco mas em negativo) ou vice´versa é o tipo mais comum ou tradicional. Só tenho uma diferente destas. A dos dragões. Já a modelagem e tamanhos apresentam variedades estéticas, cabeçote em relevo, e técnicas (vão se curvando quando se aproximam das quinas...)

      Se quiser, fale do que gosta. Eu de Arte Sacra, Louças, Móveis...

      Um abraço.

      ab

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