quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

LOUÇA e OURIVESARIA: DUAS PEÇAS BEM DIVERSAS, UM MESMO MOTIVO: PASSARINHOS LIVRES, GAIOLAS ABERTAS...




Prato de cerâmica rosada,
 esmaltado e pintado à mão.

Decoração típica da
 "Louça  Francesa da Revolução".
Diâmetro de 23 cm.





Fio de cabelo e dente na borda. 




 Sem marcas.
Só deu para ver a cor do barro e o escorrido do esmalte.





Esmaltagem muito brilhante.
Cores alegres e fortes.





 O belo motivo político-social e essencialmente humano: LIBERDADE.
Motivo encontrado em diversas louças francesas do final do XVIII e início do XIX.





  Não sei se reproduziram este motivo no século passado.

No Leilão havia uns 8 pratos nestas cores e bordas mais ou menos parecidas.
O que variava era o motivo central: 
figuras humanas, datas do final do XVIII, aves pegando insetos, etc,
Mas só deu para pegar estezinho (que achei até o mais belo). 
Talvez pelo quebrado não subiu tanto.Os outros eram numa louça craquelada, 
Este não apresenta. Mas penso que pode ser antigo.
 Determinadas louças  não craquelam e até permanecem com cara de nova.
 Espero que  meu pratinho lindo seja destas...
E se for uma reprodução,
é cheia de arte e bom gosto...





Mais uma foto do fundo para ver se ajuda na pesquisa.
Dos exemplares que encontrei na Rede, oferecidos como do XVIII,
 alguns  trazem bem esta aparência. 



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E aqui a outra peça, uma pequena Joia com uma decoração semelhante:

Pingente de Prata. 5 cm.
Pedrarias (acho que Cristal de Rocha).
 Laço e Gota, Pintura em Miniatura
Talvez Séc.  XIX ou até XVIII.
Origem:... Quem sabe?
 Mas se português fico mais contente...

Cercadura em Ouro e Pedrarias
 Genericamente "Minas Novas".
 Termo de Antiquário alheio à Gemologia e à Mineralogia.
 Pelo que eu saiba  não há  propriamente um mineral chamado MN,
mas diversos minerais empregados nas joias no XVIII e XIX:
 CRISTAL DE ROCHA, CRISOBERILO, TOPÁZIO IMPERIAL... 
e até mesmo VIDRO ou VIDRO-CRISTAL- normalmente transparentes.
 Mas, às  vezes, se usava papel colorido ao fundo para dar tons variados à pedraria.
 E nos casos de opção pelo transparente, as pedras  costumam apresentar um ponto preto
 bem no centro, ao fundo. O que não acontece com esta peça.





Verso com Relicário em tampo de Cristal.





 Aberto.





Detalhe da Pintura (não sei em que suporte): 

Mocinha com uma gaiola e um Passarinho solto.
Resta saber se ela acabou de soltar o bichinho ou se o quer prender...

Talvez seja uma alegoria da conquista amorosa.
Neste caso, a semelhança é meramente  plástica com o  Prato Francês.
E traz uma outra ideia... Não oposta mas de outra ordem, ainda mais primitivamente humana... 
...E necessária.





Soltando ou tentando prender o Passarinho?

Aqui uma versão de uma Cantiga bem conhecida (que minha mãe me fazia ninar).

https://www.youtube.com/watch?v=BLHOYyYWU0w






Agora as duas belas peças lado a lado...







"Sabiá lá na gaiola fez um buraquinho,
Voou, voou, voou, voou

E a menina que gostava tanto do bichinho,

Chorou, chorou, chorou, chorou..."

(Cantiga antiga)



5 comentários:

  1. Caro Amarildo
    Que belas peças! O prato parece-me antigo, mas não sei se será da época da revolução francesa. Se assim for, será uma autêntica relíquia. Sabe que os franceses, ao contrário de nós portugueses, têm este tipo de faiança muito bem estudada.Chamam-lhe "faience parlante" e às que são decoradas com motivos políticos "faience patriotique".Nós por cá, chamamos-lhe "faiança falante" e que eu saiba, não há estudos sobre elas. Quem sabe, um dia eu, farei algum :)

    O pingente é de uma grande beleza e elegância. Sabe que quando comecei a ler a descrição que faz dele me lembrei dessa canção do sabiá?! Conheço-a muito bem há já muitos anos e também adormeci os meus filhos cantando-lhes esta canção. Que coincidência interessante no fim do seu post deparar com o filme que deixou.
    Um abraço e muitos parabéns pelos seus novos tesouros

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  2. Querida Maria Paula,


    Obrigado pela visita e pelas informações.

    E que bom que passou por aqui.

    Por esses dias estive meio sumido. E quando volto, vou passando pelos conhecidos. Acontece que tenho uma máquina a vapor, cheia de vírus, e uma a rede com velocidade dos anos 70... E vivo perdendo os links do histórico. Para piorar tudo, não conheço os recursos do blogspot. Tenho amigos em círculos, etc, mas não sei para que servem (os círculos...).

    Estou tentando descobrir se este prato é velho. Talvez seja ao menos do XIX. Uma reprodução do XX deveria trazer uma marca indicando isto. Mas pouco sei sobre louça em geral e muito menos sobre a louça francesa. Me arrisco a tentar diferenciar Ruão de Quimper, ou identificar as peças (que são inconfundíveis) de Limoges... Qualquer dia faço uma postagem com umas peças avulsas que tenho, uns vasos pequenos, com pintura interessante.

    Não sabia que esta cantiga se conhecia por aí, Aliás, pode ser que tenha vindo de lá para cá. Quando ouvia esta cantiga na voz cortada de minha mãe, sentia, sem saber ainda direito, uma pena da menina. Mais tarde fui gostando que o passarinho tenha se soltado. Engraçado que embalavam as crianças com esta e tantas outras: Boi da Cara Preta, Dorme Criança que Cuca Vem Pegar...

    Um abraço. Depois passo pelo seu blog.

    ab

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  3. Amarildo

    Sabe que a Maria Paula é capaz de ter razão. O seu prato parece-me uma "faience patriotique". Tenho na biblioteca um livro sobre estas faianças. Deixe-me consulta-lo e logo lhe escrevo mais qualquer coisa.

    Quanto ao relicário, certamente que não era uma coisa sacra. Talvez fosse para guardar um caracol de cabelo ou um retrato de algum ente querido. Não sou especialista em joalharia, mas a menina parece-me ser uma coisa do Século XIX ao gosto de Luís XVI.

    Um abraço

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  4. Luis,

    Obrigado.

    O modelito da mocinha talvez diga bastante coisa mas não entendo de modas.
    Também penso que deve ser do XIX. Mas o que gostaria de saber mesmo é a origem. Lembra coisa francesa.

    Um abraço.

    ab

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  5. Amarildo

    De facto o seu prato parece ser uma peça das chamada "faïences patriotiques", produzidas em Nevers, França e provavelmente logo a seguir a 1789, data da Revolução Francesa. Consultei um artigo de Jacques Garnier saído na revista Les Faïences témoins de l´histoire de France, nº 9, dec. 1992 e de facto o seu prato parece autêntico.

    Aliás, a simbologia é óbvia. A Liberté é uma três das palavras do mote da Revolução: "Liberté, Egalité et fraternité"

    Um abraço

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