sexta-feira, 8 de maio de 2015

CERÂMICA PORTUGUESA: "PÓ DA TERRA, ÁGUA E TALENTO - BORDALO PINHEIRO, DE PORTUGAL E DA HUMANIDADE UM MONUMENTO..."






Rafael Augusto Prostes Bordalo Pinheiro 
 (Lisboa21 de Março de 1846 — 23 de Janeiro de 1905). 

Ando devagar com as postagens. E esta que faço agora, que por se reportar ao grande Bordalo, merecia um maior cuidado. Não estou ainda boa forma. Mas meu bem querer a Portugal e à Cerâmica me animou um pouco.
Como sempre, é uma postagem de peças que adquiro e coleciono. Aqui BORDALO é uma atribuição, pela semelhança com peças bem conhecidas (Museus, Leilões, Artigos, fotos da rede. etc) Mas acho difícil que as duas primeiras peças (duplicatas) não tenham saído desta fábrica. A terceira é só uma ilustração com especulação...

As informações que tenho de Bordo Pinheiro são somente as da rede. Nada conheço de suas atividades políticas e sociais; e se o chamo Grande é porque seu nome é quase tradutor de  Portugal, Cerâmica Portuguesa e toda uma mistura de talento e engenho. Um monumento de Idéias, Trabalho e Arte. E a partir do que há de mais elementar e primitivo ao fazer humano: Um punhado de Pó da Terra, um pouco de Água, umas Idéias na cabeça e um Fogo para consolidar tudo.

Então vamos ver o que pode dar:





Primeiro encontrei este exemplar.
Baro cozido, policromado e vidrado (corpo).

 Num primeiro momento pensei  que o padre segurasse uma Hóstia.
O Jorge Amaral me informou que se trata de rapé...





E para aumentar a graça, o boneco é articulado,
 movimentando-se ao menor toque.

Faltavam as lentes dos óculos...
 Achei que fosse assim de fábrica.
Mas por fotos da rede vi que meu exemplar tinha perdas.




Ao fundo a inscrição: "Made in Portugal",
 numeração e um selo  circular 
que nas peças de Bordalo costuma trazer um sapinho.
 Nesta não dá para ver o que traz.




Um tempo depois encontrei este outro exemplar. 
Do mesmo molde do primeiro.




Pensei que estivesse mais inteiro: 
óculos, etc. 




Na verdade estava mais danificado.
(Falta a mão do rapé, parte do queixo...)
Ao que parece, a cabeça não é vidrada.
Daí seu maior desgaste.




Mas foi bom para ver o mecanismo:
Um arame unindo e articulando as partes.




 Pelo desgaste natural das peças 
dá para perceber que não são produção recente.
Talvez sejam mesmo do início do XX.




Aqui as duas peças de um mesmo molde.
"Padre com rapé".




Encontrei mais recentemente esta terceira peça:
Uma velhinha meio brava.
De guarda-chuva e capote nos braços.




Peça vendida como "frade" 
mas o coque e os peitos são de uma senhora.




Barro cozido mas não vidrado.






Na verdade uma caixa.Sem marca alguma. 
A inseri  aqui por uma semelhança com as caricaturas de Bordalo.
Talvez nem seja portuguesa.





Aqui minha iniciante coleção de bonecos de barro.
Articulados ou não. Do Grande Bordalo 
ou nele inspirados.
Vale o que tenho à mão...






DA TERRA TAMBÉM FOMOS FEITOS.
ENTÃO NOSSA OBRA 
DE TALENTO OU DE ESFORÇO
MERECE TODO RESPEITO.
E SE O PÓ FOI O MESMO PARA UM E OUTRO 
QUE NINGUÉM CHAME O  TRABALHO ALHEIO 
SEM GRAÇA, FEITIO OU TORTO....

7 comentários:

  1. Caro Amarildo, daqui deste Portugal emano votos de boa saúde, que anda um pouco afastada de si. Os seus frades e a velhinha são figuras interessantes, sendo os frades com vidrado carateristico das Caldas, brilhante, produção suposta da Fábrica Bordalo Pinheiro sediada nas Caldas da Rainha anos 50/60 (?) quando introduziram a marca "made in Portugal" para a exportação .Reproduções da obra do mestre e pintor Bordalo, que alguns autores até alvitram que devido ao conhecido irmão e conhecimentos na corte,ficou conhecido e reconhecido, em detrimento de outro ceramista ainda maior e melhor -, Manuel Mafra (?). Ainda se fazem souvenirs nas Caldas com figuras de frades de carisma erótico, uma vez puxado o cordel...levanta-se dentro do hábito o...
    Iguais aos seus nunca tinha visto.
    Continuação de rápidas e fortes melhoras
    Um abraço
    Isabel

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    1. Isa.

      Obrigado.

      Confesso que fiquei ligeiramente desapontado com a datação de meus bonecos... Gostaria que fossem dos primeiros. Mas a inscrição "made in" já me alertava para tempos mais recentes.

      Este modelo de padre com rapé é bem conhecido por aí. Pelo menos figura naquela série de personagens populares e caricatos...

      Agradeço imenso sua atenção. Depois te visito.

      Um abraço.

      ab

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  2. Amarildo


    As duas primeiras figurinhas que apresenta, representam o senhor Cura, uma figura que fazia par com outro boneco, o sacristão. Quando foram concebidos Portugal vivia um período de anticlericalismo, que veio a desembocar num ataque cerrado à Igreja durante a primeira república (1910-1926) . Estes dois bonecos representam de alguma forma esse momento histórico.

    Hoje, em Portugal os padres rarissimamente vestem batina, o Estado não ataca a Igreja e esta evoluiu e modernizou-se. Há uma relação serena entre o estado laico e a Santa Madre Igreja.

    Quanto à senhora gorda, embora não tenha marca, parece-me sem dúvida uma figura de Bordalo. Talvez seja uma variante da Maria Paciência, a companheira do Zé Povinho, essas duas figuras que representam o Portugal rural, explorado e ignorante. Muitos Zés Povinhos e muitas Marias da Paciência encheram os barcos de emigrantes para o Brasil ou os comboios para França e Alemanha.

    Um abraço de Lisboa

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    1. Luis,

      Pensava que havia te respondido até ver o cmt da Alexandra.
      Se não se importa, respondo como cmt em um de seus posts.

      No leilão em que adquiri o "padre" de Bordalo havia, num lote anterior, um coroinha dentuço e magro a muito bom preço mas quando vi o que era já se havia batido o martelo. Aí fiquei atento e pude disputar o padre mas já não tão em conta.

      A velhinha foi quase um nada, Tb toda quebrada e sem marca, embora com jeito de mais antiga.

      Acho estas caricaturas articuladas de barro algo entre o inusitado e o de sempre, o contemporâneo e o tão antigo...

      Vou ver se tenho a sorte de encontrar em conta outros personagens desta série.

      Um abraço.

      ab

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  3. Caro Amarildo,

    Em primeiro lugar,percebi que tem estado adoentado. Desejo que a maleita passe rápido!
    Quanto às suas compras, tenho estado a admirá-las, e digo-lhe muito sinceramente que,com marca antiga ou actual, são sempre deliciosas. Bordalo era mestre nas caricaturas dos tipos sociais. Esse Sr. Cura, gordinho e anafado é giríssimo, e tal como refere o nosso amigo Luís Montalvão, costuma fazer par com o sacristão. São bastantes essas figurinhas sempre irreverentes e ousadas, algumas com imensa malícia. Felizmente continuam a ser produzidas. No link abaixo,poderá dar uma vista de olhos à loja online:

    http://pt.bordallopinheiro.com/

    Na minha cozinha tenho algumas peças que enfeitam os armários, todas em tom verde, com coelhinhos, gatos, e demais bicharada. São muito coloridas, pelo que dão imensa alegria e luz a uma casa.

    Um abraço desde Portugal,

    Alexandra Roldão

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    1. Querida Alexandra.

      Obrigado pelo e-mail, que respondi ou pelo menos tentei, minha máquina está maluca. e por passar por aqui.

      Vou preparar uma postagem de minhas iniciantes gravuras e te aviso.

      O que segue copiei da resposta dada ao Luis:

      No leilão em que adquiri o "padre" de Bordalo havia, num lote anterior, um coroinha dentuço e magro a muito bom preço mas quando vi o que era já se havia batido o martelo. Aí fiquei atento e pude disputar o padre mas já não tão em conta.

      A velhinha foi quase um nada, Tb toda quebrada e sem marca, embora com jeito de mais antiga.

      Acho estas caricaturas articuladas de barro algo entre o inusitado e o de sempre, o contemporâneo e o tão antigo...

      Vou ver se tenho a sorte de encontrar em conta outros personagens desta série.

      Um abraço.

      ab

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  4. Boa tarde. Eu tenho o padre e seu coroinha. Ambas as peças datadas de 1903 - Estao intactas. Alguém pode me dizer quanto vale? Penso em vender. Se possível respostas por email. Aguardo. Obrigada. Edna Rabelo.

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