sexta-feira, 13 de maio de 2016

ARTE SACRA, IMAGINÁRIA, DOCUMENTO: "TREZE DE MAIO. UMA HOMENAGEM À ISABEL, PRINCESA IMPERIAL DO BRASIL, E ISABEL, RAINHA DE PORTUGAL, SANTAS E HEROÍNAS COM CERTEZA "




Resolvi aproveitar esta  data, a da assinatura da Lei Áurea,
para postar duas aquisições recentes que se relacionam de algum modo: 
Um autógrafo da Princesa Isabel e uma bela imagem de Santa Isabel, Rainha de Portugal.





Este louceiro almofadado peguei agora também.
 Nada tão antigo mas feito e belo como os tais: vinhático e ferragem batida.
E foi bem em conta.
Retirei as prateleiras  e coloquei sobre a cômoda manuelina por vários motivos;
não havia outro lugar, protege o que tem guardado, se a enchente for média 
e assim sobre um outro móvel se parece com um oratório, como gosto.

Mas sei que ficou algo entre um carnaval e uma orquestra sinfônica...




E dentro se acomodaram perfeitamente 3 grandes imagens 
que se entulhavam num outro canto...





Vamos ficar com esta da esquerda.




 Peguei junto com um belo móvel D. José e uma outra imagem: S. Madalena.
Madeira policromada, olhos de vidro, grande; 75 cm.
pena ser repintada com purpurina.

Tanto pode ser portuguesa como brasileira.

Embora se pareça muito com as imagens de S. Zita, doméstica, as ROSAS junto ao manto de ARMINHO apontam bem para Santa Isabel Rainha de Portugal. Também retratada como terceira franciscana junto a mendicantes. 

   "Isabel de Aragão OSC (ou, usando a grafia medieval portuguesa, Yzabel; Saragoça, 4 de janeiro de 1271 — Estremoz,4 de julho de 1336."   Fonte: https://pt.wikipedia.org/



Algumas imagens (sem créditos) retiradas da rede:


  




Esta última se aproxima um pouco da minha escultura.



Peça provável do final do XIX.
Falta-lhe apenas um dedo indicador

Semblante de majestade e santidade, 
coisa tão difícil de coexistir, como adverte  Nosso Senhor.

Há outras santas de nome ISABEL e mesmo uma outra rainha, Santa Isabel da Hungria, parece que tia-avó desta nossa tão popular. Só não averiguei se é mesmo Padroeira de todo o Portugal.
                  É de Coimbra, com certeza, mesmo não sendo, de origem, portuguesa...





Na residência (um palacete) onde ocorreu o leilão
esta imagem era fixada na parede por estes ganchos
 e fazia par com uma outra, ladeando um Crucifixo.





Este antigo resplendor de prata com pedrarias (ou vidros) já tinha há tempos
mas não ficava bem em nenhuma cabeça, até então.




Este  "cetro" também.
Na verdade é o cabo de um antigo e pequeno coco.
Ourivesaria baiana em prata baixa.








IPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPIPI




Agora uma outra ISABEL;

Dona Isabel Cristina 
Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela 
Gonzaga de Bourbon e Bragança (depois Orléans e Bragança)
Princesa Imperial do Brasil.
A Redentora 

(Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 — Eu, 14 de novembro de 1921)

Não sei o grau de parentesco com as  homônimas de Portugal, Hungria e Castela.





Uma antiga estampa (que desconheço a origem)
já vislumbrava o desejo ou a ideia de muitos brasileiros:
a Princesa Isabel como Santa, para além de Regente ou política...

Aliás processo agora oficialmente aberto pela Santa Sé, a pedido do Sr. Cardeal, D. Orani Tempesta. do Rio de Janeiro. Declarada pela Igreja "Serva de Deus".

E eu, como muitos que ajuntam velharias, sempre acalentei o desejo de ter um documento autógrafo do Segundo Reinado, de D. Pedro II ou da Princesa Isabel, mais queridos que Pedro I.  D. Pedro II, pela ilustríssima e humaníssima sabedoria e Isabel pela bondade, candura, coragem  e humildade, para além, certamente destes predicados do pai.

Estes documentos são inacessíveis, dependendo da importância ou estado que se encontram.




Foi nesta espera que consegui pegar, na Imperial Cidade de Petrópolis,
por um preço módico, este cartão autografado pela Princesa Isabel.
Pena apresentar algumas perdas e não ter os destinatários e a data.

Para compensar, traz uma pequena prece a Nosso Senhor, rogando sua proteção.
Talvez fossem feitos de próprio punho esta prece e a assinatura,
 o restante do texto podia ficar com algum secretário.
Edição francesa, não fotografei o verso porque quando resolvi fazer esta postagem já havia colocado numa moldura.



"Isabel, Condessa d'Eu"
(o texto que antecede não decifrei de certeza talvez "sua muito estimada...?")





Procurei esta moldura contemporânea e o meti logo.
Mas depois vou tentar melhorar.





E por hoje, arranjei esta minha Relíquia
 junto às imagens de Nossa Senhora, de Santa Isabel  e de São José 
(na verdade um S. Roque que penso ter sido adaptado de um primitivo S. José, 
o cão que trazia com o pão na boca está devidamente guardado... uma outra história)








 "QUE O PEDIDO DESTA SANTA PRINCESA
SEJA PELO BOM DEUS ATENDIDO
TAMBÉM OS DA SANTA RAINHA PORTUGUESA
 NOS VALHAM IGUALMENTE O DE ROQUE E JOSÉ
E OS DA MÃE DO CÉU
É O QUE PRECISAMOS DAQUI DA TERRA 
NÓS EM NOSSA POBRE POBREZA..."


11 comentários:

  1. Oi Amarildo,
    Gostei bastante desse louceiro, como um oratório. Ficou bastante harmonioso cm o resto da suas coisas

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  2. Ricardo,

    Obrigado pela visita e apreciação.

    Normalmente são os portugueses que aqui visitam, uns 3 ou 4. Do BR são menos ainda, pelo menos marcando com cmt.
    Mas não sei se Você é de lá ou de cá. Depois nos falamos mais, se quiser.

    Minhas velharias preferidas pela ordem de gosto:

    Arte Sacra, Barroco sobretudo.

    Louças, especialmente faianças portuguesas

    Móveis antigos ou de estilo antigo, desde que de madeiras nobres

    Depois um pouco de tudo; Gravuras, metais...

    Um abraço.

    ab

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    1. Sou daqui do Brasil, de São Paulo.
      Também tenho tenho uma enorme queda por coisas antigas, especialmente o mobiliário, a arte sacra e a ourivesaria antiga.
      Abraços,

      Ricardo

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  3. Olá!
    Costumo vir cá ver as suas peças, sempre muito bonitas. Adoro os seus Santos e Santas.
    Quanto à dedicatória da foto, ela diz:
    "Sua muito do coração"
    Espero ter ajudado.
    Um abraço
    Lídia Martins

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  4. Lídia M.

    Obrigado pelas visitas e pelo elogio.

    Com certeza ajudou-me muitíssimo com o manuscrito da princesa.
    Algo me dizia ser um til ali mas não consegui juntar as letras desta expressão tão bela quanto rara... Adorei saber ainda mais de sua terna personalidade.

    Caso saiba de algum parentesco entre a rainha Santa e a princesa Isabel, agradeceria muito.

    Sinto não atualizar o blog com mais frequência. É que decidi fazer postagens de objetos próprios e nem sempre o que adquirimos é tão interessante assim para partilhar.

    Depois vou ao seu perfil e caso mantenha algum blog farei uma visita. Em todo caso gosto de trocar idéias sobre velharias e afins.

    Um abraço.


    ab

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  5. Boa noite Amarildo
    devo dizer-lhe que gosto imenso do seu guarda loiça, pois é de uma beleza tradicional difícil de encontrar. A madeira é muito boa, como sabe, e possui umas ferragens fantásticas.
    Só o móvel vale bem a pena, e a venação da madeira confere uma beleza que é difícil de ver noutras madeiras.

    Quanto à escultura que refere como Isabel de Portugal, e apesar de não conhecer o suficiente da escultura religiosa, parece-me que talvez o não seja, pois a santa aragonesa/portuguesa é representada habitualmente coroada, por ter sido rainha de Portugal, ou então com o hábito da ordem terceira de S. Francisco, ao qual se costuma juntar o bordão de peregrina, pois, de acordo com a história, fez pelo menos uma (há quem lhe atribua duas) peregrinação a Santiago de Compostela.
    O milagre das rosas é algo que surge ligado a uma grande quantidade de imagens hagiográficas, como Santa Isabel da Hungria, Santa Cacilda, Santa Rita, Santa Rosa de Lima.
    Penso que pelo fácies da sua escultura, me parece que seja talvez Sta. Rosa de Lima, mas, como lhe disse antes, sem certezas.

    Portugal tem como padroeira a Nossa Senhora da Conceição, a qual foi coroada em 1646 como rainha de Portugal por D. João IV após a libertação do país do domínio filipino, castelhano, em 1640.

    A "nossa" Santa Isabel (1271-1336), aragonesa de nascimento e portuguesa por casamento, era sobrinha neta de Santa Isabel da Hungria (1207-1231).
    Da mesma maneira, Isabel a Católica (1451-1504), rainha de Castela, era igualmente descendente de Santa Isabel (portuguesa) por via materna, sendo a rainha portuguesa sua 5ª avó.

    Cumprimentos e espero que se encontre bem de saúde

    Manel

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    1. Manel,

      Muito obrigado da visita e da preocupação da saúde. Vou bem, graças aos Céus.

      E que bom que tenha gostado tanto do louceiro, vindo de sua parte equivale a um certificado de valor.

      Peguei bem barato; logo após ter perdido um parecido porque não pude acompanhar o leilão (presencial) Tinha de diferente as portas arqueadas, o restante era o mesmo.
      Por aqui este tipo de móvel almofadado alto, normalmente em vinhático e de ferragem batida é conhecido por "Velha Bahia"
      mas certamente é um estilo ainda mais velho que nossa primeira capital... Acho que algo holandês. Rústico, sem dúvida e que deve ter sido comum no fabrico do Velho Mundo.

      Quanto à imagem, realmente não dá para fazer uma afirmação categórica mas por aqui é um modelo possível, ainda que adaptado da Santa Rainha de Portugal, O arminho indica realeza e as rosas o popular milagre, embora sejam elementos comuns a outras iconografias.

      Quando questionei sobre o patrocínio de Santa Isabel sobre todo o Portugal é porque já li sobre isso em sites e blogues da rede sem, no entanto, poder confirmar tal informação.
      Ainda que assim fosse seria aquele patrocínio secundário, como de Teresinha par França e Pedro de Alcântara para o Brasil embora nem mesmo os católicos, mesmo os sacerdotes o saibam... Coisa do desuso..

      E o que gostaria de saber era sobre o possível parentesco de nossa Princesa Isabel com estas santas rainhas de Portugal, Hungria e Castela.


      Pretendo postar em breve um vaso DEVEZAS que já até mostrei ao Luis por e-mail para obter alguma informação. Uma daquelas gratas surpresas que vão dando sentido ao viver, trabalhar e sonhar...

      Um abraço.

      ab

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    2. Como a princesa Isabel é uma Brangança, e como os Bragança são provenientes de D. João I (o 1º duque de Bragança é um filho bastardo de D. João I, o fundador da dinastia de Avis), e D. João I é descendente da rainha santa Isabel (a rainha santa é trisavó de D. João I), então, por ligação, a princesa Isabel de Bragança também o será, claro.
      A rainha santa Isabel será uma sua avó muito distante, tendo entre elas 600 anos de distância, e três dinastias.
      A rainha santa Isabel pertence à 1ª dinastia, a de Borgonha; D. João I, fundou a 2ª dinastia, a de Avis, houve depois a dos Habsburgos, os Filipes e, finalmente, a última, foram os Bragança, pois o 1º rei desta dinastia é D. João IV, duque de Bragança, que vivia no seu palácio de Vila Viçosa, próximo do local onde eu tenho o meu sítio para onde escapo durante os finais de semana.
      Assim, as duas estão seguramente aparentadas.
      Quanto à da Hungria, é parente de Isabel de Aragão, a rainha considerada santa, pelo que também será igualmente aparentada com a princesa Isabel de Bragança.
      Mas afinal, as casas reinantes europeias eram, e continuam a ser, todas aparentadas desde sempre, por isso não seria de estranhar.

      Cumprimentos e votos de boa saúde

      Manel

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    3. Manel


      Obrigado pelas informações.

      Talvez as encontraria se continuasse buscando ou melhor, se buscasse nos lugares certos. Mas,como Você mesmo ressaltou, são muitos séculos e várias dinastias que separam uma Isabel de outra, das duas em questão.

      Depois essas ramificações todas e os homônimos vão confundindo até experientes estoriadores, ainda bem que tem muita paciência e saber.

      Só tenho a agradecer.

      Um abraço.

      ab

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  6. Meu caro Amarildo, saudações!
    Apesar de deixar poucos comentários, devo dizer que minhas visitas ao seu blog são constantes, e fico sempre feliz em poder admirar tanta beleza nas suas louças, mobiliário, santos e adornos.
    Dessa vez tenho um motivo especial para comentar, portanto eis-me aqui.
    De repente surgiu-me uma dúvida.
    Sempre acreditei que os "olhos de vidro" das imagens sacras se davam por conta dos santeiros tentarem reproduzir um olhar mais próximo ao do ser humano.
    Porém, com meu aprofundamento nos estudos da indústria vidreira, veio o questionamento.
    O Brasil do século XVII, por ordem de D. Naria I, praticamente não conhecia o vidro. Tanto é que famílias ricas possuíam apenas 1 ou 2 copos de vidro e que passavam como herança.
    Somente no século XVIII é que o vidro começa a vir da Europa para o Brasil, e mesmo assim, como artigo de luxo. Somente as casas das famílias ricas possuíam janelas de vidro e outros objetos de uso cotidiano.
    A questão é, não seriam os "olhos de vidro" das imagens, uma maneira do dono da imagem, fosse ela um particular ou a igreja, mostrar poder e status?
    Você conhece alguma imagem de santo que tenha pertencido a alguma ordem de escravos que possua os olhos de vidro?
    Veja, são apenas caraminholas que passam por minha cabeça que gosta de matutar e procurar respostas.
    Você tem alguma informação sobre a origem e o porquê esses olhos eram usados?
    Um grande abraço!

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    1. Querido Claudio,



      Como amante de Vidros que é esta questão tinha que ser proposta mesmo por Você.

      Mas não é uma questão sem sentido. E merece consideração e alguma pesquisa, embora nem toda informação foi registrada para dar base às indagações. O que se pode afirmar que todo requinte nas esculturas sacras, sem dúvida que, junto a um válido desejo de expressar devoção, também se prestava a esta demonstração de luxo e riqueza. Quanto às imagens de irmandades de escravos ou brancos, como suas igrejas, etc, penso que mais do que o extrato social, o que influenciou nos requintes ou falta deles, foi o próprio tempo (e a região) onde ou quando foram executadas. Havia as descobertas, as importações e modismos de toda sorte.

      Depois podemos voltar a este assunto.

      Obrigado.


      Um abraço.

      ab

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