segunda-feira, 11 de agosto de 2014

OURIVESARIA: DE VIANA, BELOS CORAÇÕES DE FILIGRANA.O TERÇO PODE SER TAMBÉM, SE NÃO FOR, DE CRIOULA, UMA JOIA BAIANA...




Dentre tudo que se junta as joias devem ter a melhor fotografia...
Mas quando se trata do meu pobrezinho, já sabem...




Grande Terço.
. Prata de lei.1 m (fechado).
E uma história tão grande quanto seu tamanho.
E tão cheia de voltas como suas contas. Mas não cansarei Vocês com ela.
Só direi que é de um vendedor esperto e de um comprador ingênuo (mas que tem Sorte, às vezes...)




"Contas de Viana", "Bolas confeitadas",
"Joia de Crioula"... "Conta Baiana (inventei essa)".




Trabalho português.
E bem baiano como em Salvador, antigamente, se fez.





Agora sim, Corações de Viana.




Este relativamente simples.
Prata dourada e esmalte (se fosse ouro não estaria aqui, mas no Penhor).
Lembro da feirante dizer que era "joia minhoca". Mas neste tempo eu já sabia ser "Minhota".





Este duplo, se não de enamorados, deve representar os Sagrados Corações.
Faltou o de São José para ser mais belo ainda.





Agora um grande, cheio e belíssimo Coração de Viana.
Pena não ser de Ouro. Tem 15 cm, em Prata dourada com Esmalte.
Pena também que as fotos não dão toda ideia.




É todo rebuscado. 
Imagina o trabalho de soldar fio por fio de cada parte... 
E depois parte por parte... Até chegar ao todo, todo Belo.



O lote dele era composto
 e eu propus a um colega do lado de pegarmos juntos.
Nem lembro o que tinha mais. Só tive olhos para este Coração que meu colega achou "feio". Que bom.





Bem que podia ser Ouro.
 Mas como pobres Minhotas
me contento com um banho na Prata
 e com  poucas voltas...




Agora sim um Coração para S. José. O tão querido Pai de Deus na terra. 
Ainda que tão pequenino.
Mas há uma Escritura que diz assim:
"Tampouco a Cabeça diz ao Pé: não preciso de ti... " (ICor 12)






"QUE NOSSOS CORAÇÕES NÃO SE CANSEM, NEM SE DESGASTEM NOSSAS POBRES CONTAS ANTES QUE CHEGUE  A PAZ EM TODO CANTO"

8 comentários:

  1. Amarildo

    São lindas as suas peças. As contas minhotas também são das minhas preferidas. O trabalho em filigrana, que foi introduzido na Península Ibérica pelos Celtas, demonstra a beleza da sua execução e a paciência que é necessária para preencher todos os espaços com fio de ouro. Já vi alguns documentários que bem mostram a qualidade e destreza precisa para a sua produção. O seu terço é espectacular, bem como os corações. Ainda bem que o seu colega não gostou da peça.
    if

    ResponderExcluir
  2. Qurida If

    Obrigado pela visita.
    As primeiras peças de filigrana que conheci foram pequenas coroas de prata. Depois soube dos Corações, dos Brincos a Rainha, Alfinetes de peito... Tudo acompanhado de Cordões de tantas voltas (quanto mais, mais prestígio) em “elos portugueses” e tudo em ouro, primeiramente.
    De ouro tive um grande cordão (na verdade cíngulo de Imagem de Roca) filigranado, rematado por um fecho com esmalte e diamante. Muito lindo e precioso. Mas precisei negociar. Ou os anéis ou os dedos... Penso que não terei outro igual.
    Este terço é mesmo belo, mas preciso mandar polir. Se bem que gosto de prata com alguma pátina. Mas um brilho valoriza o trabalho delicado que tem.
    Fiz este post para matar a ansiedade pelos pratos de Talavera que nunca chegam. E olha que estão vindo daqui mesmo...
    Um abraço.
    ab

    ResponderExcluir
  3. O trabalho de filigrana encanta-me, apesar de não ser algo a que ligue muito ou mesmo entenda o seu valor e trabalho.
    Creio que tenho uma coroa em filigrana dourada que encabeça um pequeno Menino do século XIX, que faz a graça de pousar no oratório.

    Mas gosto muito destas suas peças, apesar de não entender muito sobre este tipo de trabalho. Conheço a ourivesaria minhota, famosa, mas pouco.
    Como opinião de alguém que não percebe muito destas coisas dir-lhe-ia que as peças tal como estão são muito bonitas. Não sei se dar-lhe brilho será muito avisado. Iria perder a patine dos tempos, algo que só mesmo o tempo consegue dar!
    Numa peça de mobiliário seria mesmo crime retirar-lhes esta patine! Nas minhas recuso sempre retirá-la e, quando me dão uma peça para restauro, recomendo sempre mantê-la, quando a peça vale a pena.
    Mas, tal como lhe disse, não sou perito neste campo da arte, assim, dou-lhe só a opinião de um leigo nestas lides da ourivesaria
    Manel

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querido Manel,

      Obrigado.

      Aqui no Brasil conhecemos pouco ou desconhecemos por completo tradições e feitos de tal ou tal região pela imensidão do território. Vocês, talvez, pele imensidão de tradições. Normalmente chamo este tipo de trabalho de Viana ou Minhota. Mas nada conheço da geografia de Portugal. Um dia quero conhecer, se a Providência dispuser.

      O trabalho banhado, "vermeil" se perde se polido frequente, a prata ao natural resiste. Mas concordo com a questão da pátina. Há uma simples (e até feia) que volta logo, mas há uma pátina do tempo que só ele sabe fazer. Mas mesmo neste caso um polimento parcial correto lhe acentua o efeito. O que não pode é ficar como as vasilhas dos ciganos, tinindo todas de intenso brilho e limpeza...

      Fiz este post.Manel para aquietar um pouco a espera pelos pratos de Talavera. Comprei por fotos e talvez gato por lebre. Mas parecem ser bem antigos. Estou torcendo também para que cheguem inteiros.

      Um abraço.

      ab

      Excluir
  4. Caro Amarildo,

    Quero desde já felicitá-lo pela excelente aquisição!
    Aqui em Portugal, esse estilo de peças é típico da zona Norte do País, e tal como muito bem refere, a cidade de Viana do Castelo é talvez aquela aonde mais se podem adquirir lindos exemplares, como brincos, colares, ou medalhas, todas elas extraordinariamente trabalhadas a fio de ouro ou prata.
    Provavelmente desconhecerá, mas por cá é bastante usual as madrinhas das meninas fazerem-lhes um colar dessas contas. No entanto, e porque o seu preço é considerável, adopta-se a estratégia de comprar uma conta de cada vez. Assim, e em função das posses de cada um, vão-se juntando e, normalmente, quando a menina já é quase mocinha, manda-se fazer o colar.
    O seu terço e os corações são uma verdadeira delícia, e fazem os encantos de todos aqueles que gostam da arte da ourivesaria tradicional!
    Deixo-lhe um link para um site com bastante informação respeitante. Estou certa que será do seu agrado!

    http://www.ourivesariafreitas.com/

    Um abraço

    Alexandra Roldão

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Querida Alexandra,

      Obrigado.

      Vou dar uma olhada no site que enviou e me informar melhor, obrigado por enviar.
      Não conheço quase nada desta tradição. Só sei que as moças deviam ir recebendo tal e tal joia com o passar do tempo. Nem todo mundo pode ter ouro, daí o banho na prata.
      Um dia desses houve um monumental leilão de um antigo colecionador aqui. Parecia que um Portugal Baiano baixou no Rio. Mas não pude pegar nada. Havia brincos e alfinetes lindos, além contas e contas sem fim, de ouro e mais ainda de prata. Os vasinhos que peguei foi de um leilão que não tinha na a ver com esta famosa Casa. E se lá estivessem não poderia pegar com certeza... Uma sorte.

      Um abraço.

      ab

      Excluir
  5. Caro amigo,
    Como é bom aprender coisas novas!
    Eu realmente não conhecia esse trabalho feito em jóias.
    Realmente muito lindo!
    Quanto ao terço, essas contas me lembraram as famosas "pencas de banlangandãs.
    Também lembro de ter lido uma vez, não sei onde, que no Brasil antigo, os escravos eram proibidos de trabalhar a prata.
    Você sabe de alguma coisa sobre isso?
    Existe alguma relação?
    Grande abraço!
    Em breve vou entrar em contato com você via e-mail pois vou precisar de uma ajuda sua.
    Vou escrever sobre uns pratos borrões que adquiri e preciso de algumas informações da manufatura, e creio que você poderá me ajudar.
    Mais uma vez, um carinhoso abraço para você!

    ResponderExcluir
  6. Querido CD.

    Obrigado.


    Sobre escravos, ouro e prata há tantas histórias e lendas quanto as peças de época. Mas podemos nos informar e trocar essas informações. Há uma curiosa, do ouro guardado nos cabelos e depois fundido e ligado, normalmente baixo, pela pequena quantidade do precioso metal... Havia sim muitas proibições, não só para escravos. Mas quase todas burladas. Se não, não teríamos estes belos trabalhos nativos, como este terço que tanto pode ser português (Minho) ou da Bahia de São Salvador e quem sabe, trabalhado por um hábil escravo...

    Sobre os borrões, só adianto que estão caros novamente. Mas borrões verdadeiros. Os mais conhecidos são os ingleses. Mas há outros. Ocorre só nas faianças, como me informou o ilustre Manel, que se declarou apaixonado por esta louça. Embora ele sempre faça uma visita, seu contato é enviesado, ou seja, difícil. Mas podemos tentar alguma coisa com ele. Certamente que nos dará a informação que tiver. Tenho alguma literatura e penso que até boa e bem documentada sobre louça em geral, mas em Inglês, que não dá para mim.
    Sobre o uso na decoração tenho uma dica recebida de um outro amante e colecionador desta louça: Podemos até ter umas poucas peças destas na parede, até mesmo umazinha só ou uma grande travessa oitavada. Mas o que é belo mesmo são várias peças juntas numa parede branca ou neutra. É realmente lindo. O borrão pede bastante companhia. Sozinho, fica triste.

    Não deixe de mandar o e-mail, se não puder ajudar de pronto, vamos procurar quem nos ajude. Já tem meu contato mas deixo aqui para facilitar:

    aqblanc@yahoo.com.br

    Um abração.

    ab

    ResponderExcluir